ENRIQUE VILLA-MATAS E O MAIS
(A partir de uma diálogo in www.facebook.com)



«Hasta no hace mucho las grandes derrotas literarias tenían prestigio, pero últimamente, en pleno apogeo del culto al éxito, el fracaso ha pasado a ser simplemente un puro y duro fracaso; es más, para cualquier escritor actual es una amenaza permanente, incluso ya desde su primer libro.» -  Enrique Villa-Matas

Se um escritor ou um poeta se leva a sério e acredita no que escreve e publica, se um autor cria contraliteratura e não literatura - nunca poderá considerar uma derrota como um fracasso.


Luís Costa
Caro Ruy, na poesia não há derrotas. Há talvez poetas que se consideram derrotados. Por exemplo quando um poeta quer sido lido à força toda e o não é, ou quer ser reconhecido, ou quer fazer dinheiro com a poesia. Coisa absurda e caricata. ...É claro que um prémio faz bem ao ego e também à carteira. Mas havemos de reconhecer que nem sempre os poetas muito lidos e premiados são os melhores. Quem ama a poesia , faz poesia, não em nome do poeta, nem dos fãs, mas sim em nome dela, da poesia, e sendo assim jamais se poderá considerar um fracassado. Para além do mais a poesia nunca será uma coisa popular, ou seja, coisa para fãs e claques ruidosas. E é bom que seja assim.

Ruy Ventura
Luís, a partir do momento em que alguém quer ser lido a toda a força passa a ser PUETA, o mesmo acontecendo (ou ainda pior) quando acha que pode ordenhar a vaca das patacas escrevendo versos ou quando submete tudo quanto faz às leis da noto...riedade pública (ou fama)... A Poesia é uma coisa, a Literatura outra completamente diferente. Infelizmente, em Portugal, anda tudo confundido. Versos empilhados não são um poema, "livros são papéis pintados com tinta"... A Poesia é feita de poemas não de poetas. Daí a ausência de equivalência entre a derrota e o fracasso. A verdadeira Poesia - uma das formas possíveis da Contraliteratura - pertencerá sempre ao domínio da Derrota. Fracassada só será quando entrar no conformismo, no uso de uma linguagem que não questiona, na previsibilidade, na comodidade cultural.
No que respeita aos prémios, só valem como incentivo ou, noutros casos, como pão para a boca. Quem escreve também come, também se veste e precisa dum tecto. Tudo o resto vale o que vale, dependendo do espírito com que é encarado. Pessoa ficou em segundo lugar num prémio literário a que concorreu - hoje sabe-se de quem era o primeiríssimo lugar. Mas não vale a pena sermos ingénuos: as regras de levam à notoriedade pública nada têm a ver com a qualidade da obra. Por isso admiro tanto alguns escritores que a atingiram sem serem jornalistas, professores universitários, parentes ou amigos de escritores influentes, críticos literários, etc..

Luís Costa
Caro. É isso.

Márcio-André
Boa...

Ruy Ventura
De qualquer modo, Márcio, é preciso acreditarmos no que fazemos. Caso contrário, não vale a pena continuar.

Márcio-André
Sim, sim... eu tinha entendido a frase errado. Mas das duas maneiras está certo... Estava pensando nos que se levam à serio DEMAIS... levar-se a sério é importante, contanto que isso não anule o sentido de autoironia e a constante dúvida quanto a possibilidade de sermos realmente sérios... Entendeu? Continuar a gente continua por necessidade, por paixão...

Ruy Ventura
Auto-ironia... Tanta falta faz!
Levar-se a sério é não andar nisto para se enganar e enganar os outros - ou, como dizem alguns, "porque gosto muito de escrever"... Antes de alguém publicar um livro deveria passar por vários tormentos até decidir definitivamente. Infelizmente somos poucos aqueles que fazemos como o Fernando Guerreiro, que publicou livros pagando-os do seu bolso e sem sequer lá inscrever o seu nome.

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