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Maria do Sameiro Barroso
vence Prémio de Poesia António Patrício 2008

Maria do Sameiro Barroso é a vencedora do Prémio de Poesia António Patrício 2008, atribuído pela SOPEAM (Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos) com o livro As Vindimas da Noite. O prémio será entregue no próximo dia 16, às 10h da manhã, na Ordem dos Médicos.
Este livro foi destacado como um dos quatro melhores livros de 2008 pelo Diário de Notícias. Maria do Sameiro Barroso, nascida em Braga, é licenciada em Filologia Germânica, em Medicina e Cirurgia, pela Universidade de Lisboa. Inicialmente vocacionada para a poesia, tem vindo a alargar a sua actividade à tradução de autores de língua alemã, ao ensaio e à investigação no âmbito da História da Medicina.
Obra Poética:
O Rubro das Papoilas, 1.ª ed. 1987; 2.ª ed.1998.
Rósea Litania, 1997 (prefácio de João Rui de Sousa).
Mnemósine, 1997 (prefácio de António Ramos Rosa)
Jardins Imperfeitos, 1999.
Meandros Translúcidos, Labirinto, 2006 (prefácio de António Ramos Rosa).
Amantes da Neblina, Labirinto, 2007 (prefácio de Maria Teresa Dias Furtado).
As Vindimas da Noite, Labirinto, 2008.
Para além do Prémio de Poesia António Patrício 2008, Maria do Sameiro Barroso já tinha ganho o mesmo prémio em 1999 com o livro Jardins Imperfeitos. Recentemente, ganhou o Prémio Poesia Palavra Ibérica 2009 com o original Uma ânfora no Horizonte, instituído pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, numa parceria com o Ayuntamiento de Punta Umbria e com a colaboração de Sulscrito – Círculo Literário do Algarve. Este último, será entregue no próximo dia 13, em Vila Real de Stº António, durante as comemorações da fundação daquela cidade.
Maria do Sameiro Barroso
vence «Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica 2009"

Maria do Sameiro Barroso, com o original Uma Ânfora no Horizonte,acaba de vencer a edição portuguesa do "Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica 2009".
O Prémio, instituído pela Câmara Municipal de Vila Real de SantoAntónio, numa parceria com o Ayuntamiento de Punta Umbria e acolaboração de Sulscrito – Círculo Literário do Algarve, tem o valor de 2500 euros, estando prevista a publicação, em edição bilingue, daobra vencedora.
O júri, constituído por Casimiro de Brito, Fernando J. B. Martinho e Manuel Frias Martins, escolheu o original Uma Ânfora no Horizonte de entre os 86 originais a concurso. Realçando a elevada qualidade das obras concorrentes, o júri recomendou ainda para publicação o original Labirintos Cruciais, assinado com o pseudónimo de Eva Maria. De acordo com o autor – Paulo Renato Cardoso – Eva Maria é mais que um pseudónimo, assumindo-se como entidade co-autoral num livro em que os poemas são atravessados por uma voz feminina. Em 2007, Paulo Renato Cardoso venceu o Prémio Daniel Faria com o livro Órbitas Primitivas: Fracções de um Tratado Heliocêntrico.

Maria do Sameiro Barroso nasceu em Braga em 1951. Médica, germanista,ensaísta e investigadora, licenciada em Filologia Germânica e emMedicina, fez a sua estreia literária em 1986. Publicou os seguintes livros de poesia: O Rubro das Papoilas, Rósea Litania, Mnemósine,Meandros Translúcidos e Amantes da Neblina. Vindimas da Noite é o seu livro mais recente, editado por edições Labirinto. Maria doSameiro Barroso é ainda a responsável pela organização das antologias Um Poema para Ramos Rosa (com prefácio de Paula Cristina Costa) e Um Poema para Agripina, com prefácio de Ana Paula Coutinho.

A edição anterior do Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibéricatinha sido vencida por Amadeu Baptista, com o livro Sobre as Imagens.


A ALMA ANTIGA DOS PÁSSAROS

Nada poderei esquecer, nem as algas nem os mapas,
nem a escrita, que em seu nimbo florindo,
tantas vezes me elege, chama, ou equivoca.
O girassol do amor esconde-se na relva, nas flores,
nas searas de nuvens.
De nada serve procurar a água, os pássaros,
os laboriosos elementos.

Quando as entranhas de luz se acendem,
bebo, nas águas macias do silêncio, a sagração,
o vinho, as plumas, o hausto condensado,
os cones de penumbra,
o veludo que levanta a ruga, a cicatriz, a leveza
da avenca.

Nas cartilagens de barro, violinos, artérias abruptas
pernoitam, entre formas de luz que se auscultam
na língua, no corpo, ilhéu azul, onde nada ressoa,
no cetim incandescente dos joelhos, da pele.

Numa aura magnética de ossos, sellaginelas,
a alquimia da escrita desenha, pelo ar de chumbo,
transparências, perfume, a lua claríssima,
estrias douradas, álamos aquáticos,
pássaros de penumbra

e um rasto estranho de rupturas, dicção.


in As Vindimas da Noite, Labirinto, 2008
Maria do Sameiro Barroso



CRISTOVAM PAVIA

Sei que todos os rouxinóis já morreram,
no centro das paisagens amarelas,
onde os cães já não uivam, nem os galgos
choram.
Sei que todos os pássaros que me trazem
a névoa são cometas efémeros.
Por isso, nada designo.

Hoje, tudo é triste, como um poema que desaba
na Rua dos Fanqueiros.
Talvez os meteoros ainda pulsem, algures,
na estrada sinuosa do meu sangue.
Sei que todos os rouxinóis já morreram
e que os lobos e os homens apenas desfiam
a sua teia de morte.

Que pode o silêncio quando a luz se cinde?
Que pode o corpo, quando o coração se prende
e se estilhaça?
Que pode a sede, o magma, o vulcão,
quando as faíscas cintilam

apenas para perfilar o nada?


Lisboa, 13 de Outubro de 2008