GALERIA PESSOAL


À pintura de Nicolau Saião e de Nuno Matos Duarte, junto a de outro pintor que faz parte da minha galeria pessoal: JOÃO GARÇÃO.
GALERIA PESSOAL

Outro pintor (e poeta) cuja obra aprecio bastante: NICOLAU SAIÃO. Quem quiser conhecer melhor a sua pintura, pode visitar o número 45 da "Agulha", revista on-line de cultura.
PROFESSORES

Não resisto a divulgar um texto que me enviou a minha amiga Maria João Peres. Como ela escreve, o professor - neste país - tem sempre defeitos...

... se é jovem, não tem experiência...
... se é velho, está superado...
... se não tem carro, é um coitado...
... se tem carro, chora de "barriga cheia"...
... se fala em voz alta, grita...
... se fala em tom normal, ninguém o ouve...
... se não falta às aulas, é um tontinho...
... se falta, é um "turista"...
... se conversa com os outros professores, está a falar mal dos alunos...
... se não conversa, é um desligado...
... se dá a matéria toda, não tem dó dos alunos...
... se não dá a matéria, não prepara os alunos...
... se brinca com a turma, arma-se em engraçado...
... se não brinca, é um chato...
... se chama a atenção, é um autoritário...
... se não chama, não se sabe impor...
... se o teste de avaliação é longo, não dá tempo...
... se o teste de avaliação é curto, tira oportunidades aos alunos...
... se escreve muito, não explica...
... se explica muito, o caderno não tem nada...
... se fala correctamente, ninguém o entende...
... se utiliza a linguagem dos alunos, não tem vocabulário...
... se o aluno é reprovado, foi perseguição... ou o professor não o apoiou...
... se o aluno é aprovado, o mérito é apenas dele... ou o professor facilitou.

Que vida a dos professores! Seja como for, levam bordoada - dos alunos, da comunidade, dos pais, dos empresários, do Ministério... Está na hora de ajudá-los a cumprirem a sua tarefa: instruir e educar.
ANTOLOGIA DE POESIA JUDAICA (1)

DEIXA-ME, OUTRA VEZ

Deixa-me, outra vez, sentir o cheiro da terra,
Estalido morno da água silenciosa,

Penumbra e silêncio da tulha no estio,
Apelo nocturno de um fogo campestre,

Que eu ouça, que eu sinta, que eu tenha a impressão
Do ácido sabor das frutas maduras,

Ajuda-me a lembrar o som da foice,
A alegre humidade do orvalho nocturno,

E traz-me, traz-me, nas asas do vento,
O seco rangido da carroça, a léguas,

Suspiro de espiga debulhada - Ajuda-me,
Ó Deus, a lembrar a linguagem da aldeia.

J. ROLNIK (Rússia, 1879-1955), na antologia de poesia judaica Quatro Mil Anos de Poesia, organizada por J. Guinsburg (São Paulo, 1969)

(Tradução de Paula Beiguelman, revista por RV)
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Um quadro de um pintor de que muito gosto: Nuno Matos Duarte...
ALJEZUR

De todas as imagens que recebo desta terra, guardarei sempre as que vou estruturando quando atravesso a várzea.
Os tempos da sementeira e da colheita são, entre todos, aqueles que maior beleza e substância me transmitem - com a lembrança da fertilidade, com a variedade de cores e de odores que, no fundo, conseguem esquecer dentro de mim outros mundos artificiais, de superfície.
Que belos os feijoeiros a subirem pelas ampas, os fardos de palha espalhados pelas longas belgas de terreno, o milho verde, a água regando... E, à beira da estrada, os malvariscos floridos, trazendo para os meus olhos recordações da Fonte Nova (nas Carreiras) efeitada pelo São João.
TERRORISMO

O artigo de Ester Mucznik, no "Público" de 22 de Julho, é uma boa análise do terrorismo islâmico, dado que procura mostrar os seus alicerces: ressentimento pela perda de influência que um dia tiveram; desejo confesso de alastrar a todo o mundo uma "cultura" muçulmana pressupostamente "pura" (sobretudo às regiões do planeta que já estiveram sob domínio político islâmico); submissão cega dos indivíduos aos objectivos de "Alá" (isto é, dos terroristas).
Muitos fiéis muçulmanos não partilharão esta ideologia - podem mesmo condená-la -, mas os poucos (?) que a põem em prática são suficientes para lançar o mundo num caos.

Completando o texto de Mucznik, o "Público" de 23 de Junho publicou um interessante artigo de Olivier Roy, saído também no "New York Times". Desmascara os pretextos apresentados pelos terroristas e aceites por tanta gente:
1. o terror iniciou-se muito antes da invasão do Iraque e é posto em prática mesmo em países que não apoiaram a intervenção americana;
2. põe em prática uma estratégia global de alastramento do medo, não participando em conflitos locais em que, segundo afirmam, os muçulmanos são humilhados;
3. tentam destruir a influência cultural do Ocidente (logo, "americana");
4. não tem interesse em promover o bem-estar dos "pobres" islâmicos (pois, assim, perderiam influência junto desses fiéis);
5. invocando o Corão, a geração terrorista é uma geração sem raízes (vingam-se de um passado islâmico demasiado "impuro" e tentam evitar um futuro igualmente mergulhado na "impureza").
ARRÁBIDA

Ardeu ontem mais uma parte da Serra da Arrábida, o "altar da Saudade", como a qualificou Teixeira de Pascoaes.
Destruirão (os criminosos, os irresponsáveis, os que nada fazem e deveriam fazer...) o verde da serra que, ainda assim, irá renascendo, mesmo a custo. Mas não conseguirão destruir a memória do verde, a memória dos Homens que iluminaram a serra ao longo dos séculos: sufis, frades arrábidos, pescadores, lavradores, Frei Agostinho da Cruz, Sebastião da Gama e tantos outros.
Que grande luz estarmos
vendo os troncos amar a ventania
e o inverno a ensombrecer o espaço
por onde se ilumina
a minúcia monacal dos ramos
nos diáfanos vidros da melancolia.
Que grande luz. Tudo é claro
porque quanto nos habita
é campo livre. Ou é campo
como o perímetro a recuar a fímbria
de ouro ou de obstáculo
que pudesse subsistir ainda.
Mas, sobretudo, que grande luz amarmos
tão fundo o espaço da melancolia.

FERNANDO ECHEVARRÍA
"Poesia, 1980-1984", Afrontamento
"Best Things dwell out of Sight."

EMILY DICKINSON [998]
Como os cacos de um jarro, mal se emenda
o que restou do tempo não vivido,
toda a fatuidade entre o inferno e a lenda,
toda a procura de nexo ou sentido.
Não há eternidade que se aprenda.
Tudo esvanece. Tudo é um mercado
onde qualquer certeza está à venda
e onde até mesmo o nada é demarcado.
Teu próprio corpo é conduzido à feira.
És vendido como qualquer artigo,
qualquer quinquilharia que se queira
para entretenimento ou desabrigo.
Deves lutar, lutar sobremaneira
para que o chão seja leve contigo.

IACYR ANDERSON FREITAS
"Mirante"
Puxando o fogo à minha sardinha, neste blog terá especial destaque a publicação de textos poéticos. Dedicará ainda uma grande atenção às artes plásticas de todos os tempos.
Inicio este blog registando a minha tristeza pelo fim das actividades do Quartzo, Feldspato & Mica, um espaço de liberdade e de profundidade.
Alicerces procurará caminhar pela mesma estrada...