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PORTUGAL
segundo UNAMUNO
"El pueblo portugués tiene, como el gallego, fama de ser un pueblo sufrido y resignado, que lo aguanta todo sin protestar más que pasivamente. Y, sin embargo, con pueblos tales hay que andarse con cuidado. La ira más terrible es la de los mansos."
"Portugal es hoy un purgatorio poblado de ánimas."
"La blandura, la meiguice portuguesa, no está sino en la superficie; rascadla, y encontraréis una violencia plebeya que llegará a asustaros."
"[...] el severo monumento [mosteiro de Alcobaça], desnudo, solitario, silencioso, recuerda, más que la independencia de la patria, la independencia del amor. Portugal, que como Inés, ha amado mucho y ha amado trágicamente bajo el yugo del Destino, no reinará también después de morir? La desgraciada amante, no es un símbolo prefigurativo, un augurio, de esta tierra linda, linda como Inés, víctima también de fatídicas pasiones?"
(in Por tierras de Portugal y de España, 1909)
O bom selvagem
Alertado pelo José do Carmo Francisco, encontrei o texto seguinte assinado por Francisco José Viegas. Concordando com ele na totalidade, é de elementar justiça partilhá-lo:
"Vai um grande protesto, pelo país fora, contra a violência sobre os professores. Justificadíssimo. Mas, como acontece ou tem acontecido em matéria de educação, isto já estava previsto. Durante anos, a «escola centrada no aluno» e os mestres das «ciências pedagógicas» transformaram criancinhas em monstros irresponsáveis, ignorantes e prepotentes. Houve, ao longo destes últimos vinte anos, centenas de casos de professores agredidos e impedidos de reagir. Quando uma reportagem televisiva mostrou – com imagens cruas – exemplos dessa violência exercida sobre professores pelos alunos do secundário, logo algumas boas consciências protestaram contra, imagine-se!, a captação dessas imagens; mas não contra a violência, contra «o estatuto do aluno» e outras alegrias do sistema escolar. [No ensino superior, a imagem também é alegre: portões fechados a cadeado (com aplauso do Magnífico Reitor de Coimbra, evidentemente), dirigentes associativos que defendem o direito ao «chumbo» porque «não há condições» para terminar o curso em «tempo normal», faculdades esventradas pelo abandono e cheias de lixo.]A escola «centrada no aluno» é uma festa para os sentidos, mas pouco edificante quer em matéria disciplinar quer em matéria científica ou pedagógica, com técnicos do Ministério da Educação que têm das escolas uma vaga ideia ou apenas uma «recordação teórica».Embora nada disso (nem a ideia dos «territórios socialmente problemáticos»), isoladamente, possa explicar uma média (oficial) de duas agressões por dia nas escolas portuguesas, é o sistema de protecção corporativa que está em causa. A escola quer ignorar palavras como «disciplina», «autoridade» e «recompensa». O aluno é o «bom selvagem». Está aí. Aguentem-no. "
(no blogue Origem das Espécies)
Alertado pelo José do Carmo Francisco, encontrei o texto seguinte assinado por Francisco José Viegas. Concordando com ele na totalidade, é de elementar justiça partilhá-lo:
"Vai um grande protesto, pelo país fora, contra a violência sobre os professores. Justificadíssimo. Mas, como acontece ou tem acontecido em matéria de educação, isto já estava previsto. Durante anos, a «escola centrada no aluno» e os mestres das «ciências pedagógicas» transformaram criancinhas em monstros irresponsáveis, ignorantes e prepotentes. Houve, ao longo destes últimos vinte anos, centenas de casos de professores agredidos e impedidos de reagir. Quando uma reportagem televisiva mostrou – com imagens cruas – exemplos dessa violência exercida sobre professores pelos alunos do secundário, logo algumas boas consciências protestaram contra, imagine-se!, a captação dessas imagens; mas não contra a violência, contra «o estatuto do aluno» e outras alegrias do sistema escolar. [No ensino superior, a imagem também é alegre: portões fechados a cadeado (com aplauso do Magnífico Reitor de Coimbra, evidentemente), dirigentes associativos que defendem o direito ao «chumbo» porque «não há condições» para terminar o curso em «tempo normal», faculdades esventradas pelo abandono e cheias de lixo.]A escola «centrada no aluno» é uma festa para os sentidos, mas pouco edificante quer em matéria disciplinar quer em matéria científica ou pedagógica, com técnicos do Ministério da Educação que têm das escolas uma vaga ideia ou apenas uma «recordação teórica».Embora nada disso (nem a ideia dos «territórios socialmente problemáticos»), isoladamente, possa explicar uma média (oficial) de duas agressões por dia nas escolas portuguesas, é o sistema de protecção corporativa que está em causa. A escola quer ignorar palavras como «disciplina», «autoridade» e «recompensa». O aluno é o «bom selvagem». Está aí. Aguentem-no. "
(no blogue Origem das Espécies)
Levi Condinho
ANTÓNIO CABRITA & ALII
PASSANDO PELO NEONATURALISMO DOMINANTE
"[...] estamos perante uma das mais notáveis obras de poesia portuguesa da década de 90 do século findo [Arte Negra, de António Cabrita], pese embora o completo silêncio em seu torno por parte de certa crítica literária [...] oficial, académica e/ou de jornalismo opinativo, a mesma que tem, até agora, ignorado a importância de poetas do século XX tão altos como, por exemplo, João Pedro Grabato Dias, a mesma que pouca atenção tem dado à ficção quase poética de Rui Nunes ou que desconhece em absoluto esse romancista, decerto 'difícil' (como se foge, hoje, ao 'difícil'...), o perturbante Alberto Velho Nogueira, espécie de visionário transvanguardista de um apocalipse como que 'integrado'. Notoriamente, essa crítica tem privilegiado a tendência da poesia - não só portuguesa - que, desde finais do anos 80, vem cultivando o retorno a um classicismo retórico e descritivista, de pendor neonaturalista [...]."
(in Colóquio Letras, nº 161-162, Junho/Dezembro 2002)
ANTÓNIO CABRITA & ALII
PASSANDO PELO NEONATURALISMO DOMINANTE
"[...] estamos perante uma das mais notáveis obras de poesia portuguesa da década de 90 do século findo [Arte Negra, de António Cabrita], pese embora o completo silêncio em seu torno por parte de certa crítica literária [...] oficial, académica e/ou de jornalismo opinativo, a mesma que tem, até agora, ignorado a importância de poetas do século XX tão altos como, por exemplo, João Pedro Grabato Dias, a mesma que pouca atenção tem dado à ficção quase poética de Rui Nunes ou que desconhece em absoluto esse romancista, decerto 'difícil' (como se foge, hoje, ao 'difícil'...), o perturbante Alberto Velho Nogueira, espécie de visionário transvanguardista de um apocalipse como que 'integrado'. Notoriamente, essa crítica tem privilegiado a tendência da poesia - não só portuguesa - que, desde finais do anos 80, vem cultivando o retorno a um classicismo retórico e descritivista, de pendor neonaturalista [...]."
(in Colóquio Letras, nº 161-162, Junho/Dezembro 2002)
MIGUEL REIS CUNHA
“Embora ocorra de forma muito subtil e despercebida, estamos perante uma nova forma de combate e desincentivo à natalidade.
O recurso aos contraceptivos começa por evitar a concepção de um novo ser indesejado (até aí tudo bem). Mas se a mulher não se tiver precavido antes e, por isso, existir a possibilidade de ter havido concepção, então aí entra a chamada ‘pílula do dia seguinte’. Mas se a mulher não tiver tomado a pílula do dia seguinte, então aí entra a possibilidade de aborto até às 10 semanas. Mas se isso não for possível e se a mãe tiver o azar de viver em certas zonas do país, então aí entra a dificuldade em nascer numa maternidade que esteja próxima. Mas se o bebé (qual herói homérico), depois desta epopeia toda, conseguir nascer, a sua mãe, se tiver um trabalho precário, sempre pode ainda vir a perder o emprego. Mas se a mãe do bebé não tiver perdido o emprego, terá ainda que fazer uma noitada à porta das misericórdias ou dos infantários, a mendigar uma vaga para o filho.
O Estado não protege, nem incentiva a natalidade. Enquanto isso, o sistema de Segurança Social vai-se afundando cada vez mais, porque cada vez vão existir menos jovens a descontar para um maior número de idosos a viver. O dilema é sempre o mesmo. Ou o Estado e a sociedade civil se empenham em criar condições para que se possa nascer, viver e morrer em condições. Ou, nem sequer se tenta, dando-se logo a batalha por perdida, optando-se pela via mais fácil da simples eliminação física. [...]”
(in Sol, nº 9, 11 de Novembro / 2006)
“Embora ocorra de forma muito subtil e despercebida, estamos perante uma nova forma de combate e desincentivo à natalidade.
O recurso aos contraceptivos começa por evitar a concepção de um novo ser indesejado (até aí tudo bem). Mas se a mulher não se tiver precavido antes e, por isso, existir a possibilidade de ter havido concepção, então aí entra a chamada ‘pílula do dia seguinte’. Mas se a mulher não tiver tomado a pílula do dia seguinte, então aí entra a possibilidade de aborto até às 10 semanas. Mas se isso não for possível e se a mãe tiver o azar de viver em certas zonas do país, então aí entra a dificuldade em nascer numa maternidade que esteja próxima. Mas se o bebé (qual herói homérico), depois desta epopeia toda, conseguir nascer, a sua mãe, se tiver um trabalho precário, sempre pode ainda vir a perder o emprego. Mas se a mãe do bebé não tiver perdido o emprego, terá ainda que fazer uma noitada à porta das misericórdias ou dos infantários, a mendigar uma vaga para o filho.
O Estado não protege, nem incentiva a natalidade. Enquanto isso, o sistema de Segurança Social vai-se afundando cada vez mais, porque cada vez vão existir menos jovens a descontar para um maior número de idosos a viver. O dilema é sempre o mesmo. Ou o Estado e a sociedade civil se empenham em criar condições para que se possa nascer, viver e morrer em condições. Ou, nem sequer se tenta, dando-se logo a batalha por perdida, optando-se pela via mais fácil da simples eliminação física. [...]”
(in Sol, nº 9, 11 de Novembro / 2006)
YUSSEF IBRAHIM
“[...] Chegou o momento de se darem conta do efeito dessas milícias na vossa situação e de se questionarem se as organizações como o Hamas e a Fatá estão realmente a trabalhar para o vosso bem e se querem continuar a submeter-se cegamente à sua direcção.
Se são lúcidos, vão compreender que a violência e a guerra contra Israel pertencem ao passado. Se querem salvar o que pode ser salvo, não têm outra opção que não seja reconhecer a inanidade da ‘luta eterna’ que já não tem significado e que não passa de um ‘slogan’ vazio utilizado pelos fundamentalistas. O que é certo é que os vossos filhos estão a crescer na miséria e que a cultura do martírio produz a ignorância e o analfabetismo e não a esperança de um futuro melhor a que eles aspiram. [...]
[...]
Enquanto que os outros países possuem petróleo, indústria ou agricultura, temos de admitir que vocês, caros irmãos palestinianos, não têm absolutamente nada. A Palestina não poderia sobreviver sem a caridade de terceiros, incluindo dos americanos, de certos países europeus e das Nações Unidas. É Muammar Khadafi ou Bashar al-Assad que alimenta os vossos filhos? Que aconteceu ao vosso herói Saddam Hussein? Hoje, a Síria e o Irão incitam-vos a prosseguir a luta contra Israel, mas o que dizer destes dois países? [...] Chegou o momento de perceberem que ambos querem sacrificar-vos, até ao último, numa guerra por procuração. É realmente isso que pretendem?”
(no jornal Al-Ittihad, Abu Dhabi – trad. in Courrier Internacional, 17 a 23 de Novembro de 2006)
“[...] Chegou o momento de se darem conta do efeito dessas milícias na vossa situação e de se questionarem se as organizações como o Hamas e a Fatá estão realmente a trabalhar para o vosso bem e se querem continuar a submeter-se cegamente à sua direcção.
Se são lúcidos, vão compreender que a violência e a guerra contra Israel pertencem ao passado. Se querem salvar o que pode ser salvo, não têm outra opção que não seja reconhecer a inanidade da ‘luta eterna’ que já não tem significado e que não passa de um ‘slogan’ vazio utilizado pelos fundamentalistas. O que é certo é que os vossos filhos estão a crescer na miséria e que a cultura do martírio produz a ignorância e o analfabetismo e não a esperança de um futuro melhor a que eles aspiram. [...]
[...]
Enquanto que os outros países possuem petróleo, indústria ou agricultura, temos de admitir que vocês, caros irmãos palestinianos, não têm absolutamente nada. A Palestina não poderia sobreviver sem a caridade de terceiros, incluindo dos americanos, de certos países europeus e das Nações Unidas. É Muammar Khadafi ou Bashar al-Assad que alimenta os vossos filhos? Que aconteceu ao vosso herói Saddam Hussein? Hoje, a Síria e o Irão incitam-vos a prosseguir a luta contra Israel, mas o que dizer destes dois países? [...] Chegou o momento de perceberem que ambos querem sacrificar-vos, até ao último, numa guerra por procuração. É realmente isso que pretendem?”
(no jornal Al-Ittihad, Abu Dhabi – trad. in Courrier Internacional, 17 a 23 de Novembro de 2006)
JOSÉ GIL
“Para obter bons resultados, boas estatísticas, boas médias, é preciso ter bons professores. Para os ter, tem de se considerar a especificidade do seu trabalho.
Não é atafulhando o seu tempo [...], nem cortando as ‘pausas’ – de que precisa como de pão para a boca – que se formarão docentes ‘competentes’. Parece haver uma preocupação obsessiva com a quantidade (em todos os domínios) no Ministério da Educação, que o torna cego às virtudes da qualidade. Que os responsáveis pela educação no nosso país possam ter pensado em esmagar assim os professores é sinal de que qualquer coisa de incompreensivelmente absurdo se está a passar nas suas cabeças.”
(in Courrier Internacional, nº 83, de 3 a 9 de Novembro / 2006)
“O que impressiona, nas intervenções mediáticas dos responsáveis do Ministério da Educação, é a ausência total de uma palavra de apreço e incentivo para com os professores. Quando ela vem, parece forçada, demasiado geral, demonstrando uma incompreensão profunda pelas condições do exercício da profissão. Os últimos rumores (verdadeiros) sobre as eventuais oito horas lectivas obrigatórias, mais o corte das ‘pausas’ do Natal, Carnaval e Páscoa, provam que as autoridades encarregadas de conceberem a política educativa do nosso país não sabem – ou não querem saber – o que implica ser professor.
[...]
[...] Tem-se a nítida impressão de que não gostam dos professores – por mais que queiram distingui-los dos sindicatos. Ora, o que está em jogo no actual debate sobre a educação, é a transformação de uma situação há muito desastrosa, criando condições para um ensino de qualidade, à altura das ambições da ‘modernização’ global do País, proclamadas pelo Governo. Nesse quadro, a Educação constitui um pilar essencial do projecto governativo do primeiro-ministro: se ele falha, falhará todo o projecto. Neste momento constata-se que o clima das escolas (professores cansados, abatidos, deprimidos – dos que pertencem às ‘excepções’) não contribui para a boa aplicação dos novos estatutos que aí vêm.
[...]
[...] A actual política educativa parece padecer de toda uma série de disfunções e desfasamentos: muda-se o estatuto da carreira docente, com novas tarefas, mais trabalho, mantendo-se inalterados os conteúdos e negligenciando a formação necessária dos maus professores; instauram-se regras de avaliação, mas não se eliminam os compadrios e as conivências; exigem-se boas vontades para certas tarefas, e quebram-se as vontades não oferecendo contrapartidas; voltam-se os pais contra os professores, estes contra a instância que os tutela, o pessoal administrativo contra os professores, e já mesmo se forma alianças alunos-pais contra o Ministério...
Tudo isto é mau para o ensino e para a educação. Como se a ‘racionalização’ do ensino básico e secundário, ao preocupar-se apenas com alguns dos seus aspectos, e sem visão global, induzisse necessariamente outras formas de irracionalidade e anarquia.”
(in Visão, nº 714, 9 de Novembro / 2006)
“Para obter bons resultados, boas estatísticas, boas médias, é preciso ter bons professores. Para os ter, tem de se considerar a especificidade do seu trabalho.
Não é atafulhando o seu tempo [...], nem cortando as ‘pausas’ – de que precisa como de pão para a boca – que se formarão docentes ‘competentes’. Parece haver uma preocupação obsessiva com a quantidade (em todos os domínios) no Ministério da Educação, que o torna cego às virtudes da qualidade. Que os responsáveis pela educação no nosso país possam ter pensado em esmagar assim os professores é sinal de que qualquer coisa de incompreensivelmente absurdo se está a passar nas suas cabeças.”
(in Courrier Internacional, nº 83, de 3 a 9 de Novembro / 2006)
“O que impressiona, nas intervenções mediáticas dos responsáveis do Ministério da Educação, é a ausência total de uma palavra de apreço e incentivo para com os professores. Quando ela vem, parece forçada, demasiado geral, demonstrando uma incompreensão profunda pelas condições do exercício da profissão. Os últimos rumores (verdadeiros) sobre as eventuais oito horas lectivas obrigatórias, mais o corte das ‘pausas’ do Natal, Carnaval e Páscoa, provam que as autoridades encarregadas de conceberem a política educativa do nosso país não sabem – ou não querem saber – o que implica ser professor.
[...]
[...] Tem-se a nítida impressão de que não gostam dos professores – por mais que queiram distingui-los dos sindicatos. Ora, o que está em jogo no actual debate sobre a educação, é a transformação de uma situação há muito desastrosa, criando condições para um ensino de qualidade, à altura das ambições da ‘modernização’ global do País, proclamadas pelo Governo. Nesse quadro, a Educação constitui um pilar essencial do projecto governativo do primeiro-ministro: se ele falha, falhará todo o projecto. Neste momento constata-se que o clima das escolas (professores cansados, abatidos, deprimidos – dos que pertencem às ‘excepções’) não contribui para a boa aplicação dos novos estatutos que aí vêm.
[...]
[...] A actual política educativa parece padecer de toda uma série de disfunções e desfasamentos: muda-se o estatuto da carreira docente, com novas tarefas, mais trabalho, mantendo-se inalterados os conteúdos e negligenciando a formação necessária dos maus professores; instauram-se regras de avaliação, mas não se eliminam os compadrios e as conivências; exigem-se boas vontades para certas tarefas, e quebram-se as vontades não oferecendo contrapartidas; voltam-se os pais contra os professores, estes contra a instância que os tutela, o pessoal administrativo contra os professores, e já mesmo se forma alianças alunos-pais contra o Ministério...
Tudo isto é mau para o ensino e para a educação. Como se a ‘racionalização’ do ensino básico e secundário, ao preocupar-se apenas com alguns dos seus aspectos, e sem visão global, induzisse necessariamente outras formas de irracionalidade e anarquia.”
(in Visão, nº 714, 9 de Novembro / 2006)

ARTURO
PÉREZ-REVERTE
"[...] A la hora de reivindicar a los grandes maestros puede ocurrir algo peor que el semiolvido: su apropiación coyuntural, fraudulenta, por parte de los golfos apandadores de la cultura. Y a menudo me pregunto si no sería mejor dejar a Fulano o a Mengano en su estante polvoriento, como tesoro a conquistar por iniciados y corsarios autodidactas de la letra impresa, que verlos mancillados, desvirtuados, envilecidos, demagógicamente traídos y llevados por oportunistas del caprichos, el interés ou la moda.
[...]
[...] Y lo gracioso es que de pronto, en un artículo, en un programa, uno los lee o los oye, atónito, elogiar como si conocieran, leyeran y admiraran de toda la vida a viejos autores a quienes en otro tiempo no solo ignoraban, sino que denostaban públicamente. Por supuesto, siempre coincide con un centenario, una biografía, un homenaje en el extranjero. Entonces se lo apropian sin más, se ponen al día con una rapidez pasmosa, y de la noche a la mañana se manifiestan extrañadísimos de que nadie lea ahora a Fulano, a Mengano, a Zutano y a otros grandes nombres de la literatura universal; a quienes ellos no sólo no leyeron en su puta vida, sino que encima ayudaron a enterrarlos, sosteniendo que lo que de verdad había que leer [...] era Onán y yo somos así, señora (Anagrama), de Chindasvinto Petisuik, imprescindible minimalista sildavo."
(in No me cogeréis vivo, 2005)
LI E CONCORDEI COM...
BEN DROR YEMINI
Nuno Guerreiro Josué transcreveu a 26 de Setembro na seu Rua da Judiaria um artigo em que todos deveríamos meditar. Foi publicado por Ben Dror Yemini no diário israelita Ma'ariv (22/9/2006) e reflecte sobre o conflito palestiniano e sobre as intervenções bélicas praticadas por israelitas e pelos vários países com religião maioritariamente muçulmana.
Para que essa leitura seja proveitosa é no entanto preciso que saibamos despir-nos de preconceitos de base, anti-semitas e pan-islamitas, que historicamente toldam a mentalidade de muitos europeus e de muitos ocidentais que não hesitam mesmo acusar os seus semelhantes de "estupidez pró-sionista" quando estes apenas tentam olhar os factos sem julgamentos prévios. Não se trata aqui de religião, mas de genocídio. Os factos falam por si.
"Há aqueles que defendem que os estados árabes e muçulmanos são imunes a críticas porque não são democráticos, mas Israel é merecedora de críticas porque tem pretensões democráticas. Argumentos destes revelam um Orientalismo paternalista no seu pior. A suposição encoberta é que os árabes e muçulmanos são as crianças atrasadas mentais do mundo. Eles podem fazê-lo. Isto não é só Orientalismo paternalista. É racismo.
Os árabes e muçulmanos não são crianças e não são atrasados mentais. Muitos árabes e muçulmanos reconhecem este fenómeno e escrevem sobre ele. Eles sabem que só o fim da auto-ilusão e o assumir de responsabilidades pode trazer a mudança. Eles sabem que enquanto o Ocidente os tratar como desiguais e irresponsáveis estará a perpetuar não só uma atitude racista, mas também a continuação das chacinas em massa.
O genocídio que Israel não está a cometer, aquele que é um libelo fraudulento, esconde o verdadeiro genocídio, o genocídio silenciado que árabes e muçulmanos estão a cometer contra si próprios. A fraude tem de acabar para que se possa olhar a realidade. Para o bem dos árabes e muçulmanos. Israel paga em imagem. Eles pagam em sangue. Se restar no mundo alguma moralidade, isto deveria ser do interesse de quem ainda tem dela alguma gota. A acontecer, seria uma pequena notícia para Israel, mas um imensa boa nova para os árabes e muçulmanos."
BEN DROR YEMINI
Nuno Guerreiro Josué transcreveu a 26 de Setembro na seu Rua da Judiaria um artigo em que todos deveríamos meditar. Foi publicado por Ben Dror Yemini no diário israelita Ma'ariv (22/9/2006) e reflecte sobre o conflito palestiniano e sobre as intervenções bélicas praticadas por israelitas e pelos vários países com religião maioritariamente muçulmana.
Para que essa leitura seja proveitosa é no entanto preciso que saibamos despir-nos de preconceitos de base, anti-semitas e pan-islamitas, que historicamente toldam a mentalidade de muitos europeus e de muitos ocidentais que não hesitam mesmo acusar os seus semelhantes de "estupidez pró-sionista" quando estes apenas tentam olhar os factos sem julgamentos prévios. Não se trata aqui de religião, mas de genocídio. Os factos falam por si.
"Há aqueles que defendem que os estados árabes e muçulmanos são imunes a críticas porque não são democráticos, mas Israel é merecedora de críticas porque tem pretensões democráticas. Argumentos destes revelam um Orientalismo paternalista no seu pior. A suposição encoberta é que os árabes e muçulmanos são as crianças atrasadas mentais do mundo. Eles podem fazê-lo. Isto não é só Orientalismo paternalista. É racismo.
Os árabes e muçulmanos não são crianças e não são atrasados mentais. Muitos árabes e muçulmanos reconhecem este fenómeno e escrevem sobre ele. Eles sabem que só o fim da auto-ilusão e o assumir de responsabilidades pode trazer a mudança. Eles sabem que enquanto o Ocidente os tratar como desiguais e irresponsáveis estará a perpetuar não só uma atitude racista, mas também a continuação das chacinas em massa.
O genocídio que Israel não está a cometer, aquele que é um libelo fraudulento, esconde o verdadeiro genocídio, o genocídio silenciado que árabes e muçulmanos estão a cometer contra si próprios. A fraude tem de acabar para que se possa olhar a realidade. Para o bem dos árabes e muçulmanos. Israel paga em imagem. Eles pagam em sangue. Se restar no mundo alguma moralidade, isto deveria ser do interesse de quem ainda tem dela alguma gota. A acontecer, seria uma pequena notícia para Israel, mas um imensa boa nova para os árabes e muçulmanos."
LI E CONCORDEI COM...
FERNANDO SAVATER
“[...] Os medievais falaram com razão de dois tipos de liberdade política: a libertas a coacione, que nos emancipa da tirania que impede participar igualitariamente na gestão da coisa pública, e a libertas a miseria, que salva das imposições infligidas pela falta de recursos no mundo do ‘tanto tens, tanto vales’. Em demasiadas ocasiões, é a miséria (económica ou cultural) que condiciona inevitavelmente a submissão de muitos a tiranias ‘democráticas’ impostas pelos beati possidentes. Hoje em dia, provavelmente as maiores diferenças entre os livres de facto e os livres só de nome são estabelecidas pelo acesso à informação: para ser livre é preciso ‘saber’ mais do que aqueles que não o são e controlar os meios de ‘comunicação’ para difundir tanto o conhecimento como as falsificações interesseiras que geralmente ocupam o seu lugar...”
(in A Coragem de Escolher, 2003)
FERNANDO SAVATER
“[...] Os medievais falaram com razão de dois tipos de liberdade política: a libertas a coacione, que nos emancipa da tirania que impede participar igualitariamente na gestão da coisa pública, e a libertas a miseria, que salva das imposições infligidas pela falta de recursos no mundo do ‘tanto tens, tanto vales’. Em demasiadas ocasiões, é a miséria (económica ou cultural) que condiciona inevitavelmente a submissão de muitos a tiranias ‘democráticas’ impostas pelos beati possidentes. Hoje em dia, provavelmente as maiores diferenças entre os livres de facto e os livres só de nome são estabelecidas pelo acesso à informação: para ser livre é preciso ‘saber’ mais do que aqueles que não o são e controlar os meios de ‘comunicação’ para difundir tanto o conhecimento como as falsificações interesseiras que geralmente ocupam o seu lugar...”
(in A Coragem de Escolher, 2003)

LI E CONCORDEI COM...
RODRIGO DE LIMA
“Portugal é como a igreja de São Torcato em Guimarães. Com fachada de forte granito, está rachada de alto a baixo. Ameaça ruína desde a fundação, mas não há sismo que a faça cair. Entretanto, lá dentro, vai-se venerando um cadáver mumificado com identidade muito duvidosa.”
(in Diário Inacabado, 1983)
LI E CONCORDEI COM…
JEAN-LUC NANCY
“A maldade não odeia tanto esta ou aquela singularidade: odeia a singularidade como tal e a relação singular das singularidades. Odeia a liberdade, a igualdade e a fraternidade, odeia a partilha, odeia partilhar.
E este ódio é o da própria liberdade (é também, pois, o ódio das próprias igualdade e fraternidade; odeia-se a partilha e fica-se próximo da ruína). Não é um ódio de si mesmo, como se a liberdade já estivesse aí e pudesse chegar a detestar-se, no entanto, é o ódio do ‘si mesmo’ singular, o que é a existência da liberdade e a liberdade da existência. O mal é o ódio da existência como tal. […] Mas neste sentido, o mal está no existente como a sua possibilidade mais própria de recusa da existência.”
(in A Experiência da Liberdade, 1996, cit. por Fernando Savater no seu livro A Coragem de Escolher, 2003)
JEAN-LUC NANCY
“A maldade não odeia tanto esta ou aquela singularidade: odeia a singularidade como tal e a relação singular das singularidades. Odeia a liberdade, a igualdade e a fraternidade, odeia a partilha, odeia partilhar.
E este ódio é o da própria liberdade (é também, pois, o ódio das próprias igualdade e fraternidade; odeia-se a partilha e fica-se próximo da ruína). Não é um ódio de si mesmo, como se a liberdade já estivesse aí e pudesse chegar a detestar-se, no entanto, é o ódio do ‘si mesmo’ singular, o que é a existência da liberdade e a liberdade da existência. O mal é o ódio da existência como tal. […] Mas neste sentido, o mal está no existente como a sua possibilidade mais própria de recusa da existência.”
(in A Experiência da Liberdade, 1996, cit. por Fernando Savater no seu livro A Coragem de Escolher, 2003)
LI E CONCORDEI COM...
ANTÓNIO CÂNDIDO FRANCO
“[...] Substituímos a beleza pela velocidade e em vez de deixarmos ao futuro uma Acrópole de mármore ou uma Catedral em pedra deixamos um shopping de betão e asfalto. Passámos a viver num mundo cada vez mais veloz mas também cada vez mais horroroso. Horroroso e doente, que o horror é o rosto da doença e da morte. Por isso, um dia, vamos apenas ficar na mão com a caveira chupada da Terra. Quem não vê no desaparecimento das espécies e no esgotamento das matérias-primas as escoriações cadavéricas do rosto da Terra? Estamos neste momento a devorar a polpa da Terra, que a acção de comer na era da velocidade espacial é devorar. E vamos assim deixar aos nossos netos o caroço, que eles vão roer desesperados, lastimando o egoísmo brutal dos nossos políticos e economistas de hoje. Que é o betão senão o caroço sem semente da Terra, o osso esburgado e seco que vai partir os dentes dos nossos descendentes? [...]”
(in Viagem a Pascoaes, Ésquilo, 2006)
ANTÓNIO CÂNDIDO FRANCO
“[...] Substituímos a beleza pela velocidade e em vez de deixarmos ao futuro uma Acrópole de mármore ou uma Catedral em pedra deixamos um shopping de betão e asfalto. Passámos a viver num mundo cada vez mais veloz mas também cada vez mais horroroso. Horroroso e doente, que o horror é o rosto da doença e da morte. Por isso, um dia, vamos apenas ficar na mão com a caveira chupada da Terra. Quem não vê no desaparecimento das espécies e no esgotamento das matérias-primas as escoriações cadavéricas do rosto da Terra? Estamos neste momento a devorar a polpa da Terra, que a acção de comer na era da velocidade espacial é devorar. E vamos assim deixar aos nossos netos o caroço, que eles vão roer desesperados, lastimando o egoísmo brutal dos nossos políticos e economistas de hoje. Que é o betão senão o caroço sem semente da Terra, o osso esburgado e seco que vai partir os dentes dos nossos descendentes? [...]”
(in Viagem a Pascoaes, Ésquilo, 2006)
LI E CONCORDEI COM...
MIGUEL TORGA (2)
“Coimbra, 28 de Setembro de 1990 – [...] A hora é de podridão e desvergonha. E já poucos sentem sequer o cheiro pestilento do ambiente. A sociedade normalizada e climatizada ao sabor dos cabecilhas a exemplificar fidedignamente a nossa decadência. Fabricam-se todos os figurantes da farsa no mesmo molde de subserviência, ganância e hipocrisia. A execrável tirania de há pouco tinha ao menos o mérito de ser frontal, culta e respeitar o inconsciente do povo português. Esta de agora, é sorna, analfabeta, e agride e ofende diariamente o que de mais profundo e sagrado há em nós.”
MIGUEL TORGA (2)
“Coimbra, 28 de Setembro de 1990 – [...] A hora é de podridão e desvergonha. E já poucos sentem sequer o cheiro pestilento do ambiente. A sociedade normalizada e climatizada ao sabor dos cabecilhas a exemplificar fidedignamente a nossa decadência. Fabricam-se todos os figurantes da farsa no mesmo molde de subserviência, ganância e hipocrisia. A execrável tirania de há pouco tinha ao menos o mérito de ser frontal, culta e respeitar o inconsciente do povo português. Esta de agora, é sorna, analfabeta, e agride e ofende diariamente o que de mais profundo e sagrado há em nós.”

ANTÓNIO JUSTO
A sugestão oportuna de um leitor amigo do "Estrada do Alicerce" (que, tanto quanto sei, não é católico, nem "praticante" nem "não-praticante") levou-me até um texto digno e clarividente de António Justo sobre a polémica em torno da lição de Bento XVI, publicado no Jornal Digital. Sugiro que o leiam com a atenção que merece.

HENRIQUE MONTEIRO
“[...]
O negacionismo não é novo na História, e sempre esteve ao serviço de uma ideologia. Os mesmos que negavam a barbaridade dos regimes comunistas, logo que a realidade histórica impôs a verdade, viraram as baterias contra a superpotência sobrevivente: ‘Afinal, são todos iguais’ – dizem. O comunismo desprezava os seus cidadãos, assassinava-os... mas o mesmo fazem os EUA.
Esta grande mentira torna-se central para apaziguar consciências dos que, no passado, encobriram, omitiram ou apoiaram as barbáries.
Só assim se compreende como ainda há gente disposta a crer e a jurar que o 11 de Setembro tenha sido obra dos americanos... contra eles próprios. O caso seria risível se, progressivamente, através de sítios na Internet, de textos anónimos e de alguns ligados, por exemplo, a militantes comunistas e de outras formações de esquerda, esta teoria não fosse cada vez mais propagada. E se, para cúmulo, a própria televisão do Estado – quase sem protestos – não a tivesse erigido como uma das possíveis sobre o 11 de Setembro ao passar um filme sobre pretensa conspiração.
Se a opinião pública e a comunicação social não reagem a esta inacreditável manipulação poderemos tornar-nos reféns de mais uma falsificação histórica – uma das mais conseguidas artes, aliás, do estalinismo.”
(Expresso, 16/9/2006)
JOSÉ CUTILEIRO
“[...] discussões de ‘choque de civilizações’, de ‘diálogo de religiões’, das ‘causas sociais’ que levem gente nova a tornar-se terrorista, pouco uso têm [...]. O combate não é entre fés, é entre ideologias; o terrorismo islâmico não quer salvar almas, quer conquistar poder. Osama Bin Laden não nos ameaça por ser um muçulmano sunita devoto, ameaça-nos por ser um ideólogo, um propagandista e um estratego que nos quer ditar regras de vida insuportáveis. Nos propósitos e nos métodos, ele e a sua gente têm mais parecenças com Lenine e o Comintern do que com os chefes de movimentos religiosos que grassaram, aqui e além, durante o século XX. O paralelo com o marxismo-leninismo é sugestivo: evocação fantasiosa de um passado dourado, versão errada mas empolgante do sentido da história, promessa falsa de paraíso futuro (sendo os proletários de todo o mundo, supostas vítimas do capitalismo, substituídos pela nação árabe, suposta vítima do Ocidente). Tal como Lenine, Osama convence muita gente; o engano causará muito sofrimento e levará muito tempo a desfazer. A Europa tem de aumentar o seu poder, saber bem o que quer e reforçar a sua aliança com os Estados Unidos.”
(in Expresso, 9/9/2006)
“[...] discussões de ‘choque de civilizações’, de ‘diálogo de religiões’, das ‘causas sociais’ que levem gente nova a tornar-se terrorista, pouco uso têm [...]. O combate não é entre fés, é entre ideologias; o terrorismo islâmico não quer salvar almas, quer conquistar poder. Osama Bin Laden não nos ameaça por ser um muçulmano sunita devoto, ameaça-nos por ser um ideólogo, um propagandista e um estratego que nos quer ditar regras de vida insuportáveis. Nos propósitos e nos métodos, ele e a sua gente têm mais parecenças com Lenine e o Comintern do que com os chefes de movimentos religiosos que grassaram, aqui e além, durante o século XX. O paralelo com o marxismo-leninismo é sugestivo: evocação fantasiosa de um passado dourado, versão errada mas empolgante do sentido da história, promessa falsa de paraíso futuro (sendo os proletários de todo o mundo, supostas vítimas do capitalismo, substituídos pela nação árabe, suposta vítima do Ocidente). Tal como Lenine, Osama convence muita gente; o engano causará muito sofrimento e levará muito tempo a desfazer. A Europa tem de aumentar o seu poder, saber bem o que quer e reforçar a sua aliança com os Estados Unidos.”
(in Expresso, 9/9/2006)
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