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A minha crónica sobre a antologia Portuguesia

pode ser lida também aqui.

Obrigado pelo tempo que lhe possam dedicar.
É hoje já a apresentação do livro de Victor de Oliveira Jorge.
Carregue na imagem para mais pormenores.

SUGESTÃO

Continuando o trabalho de arquivo em www.ruyventura.blogspot.com já estão disponíveis nesta página artigos ou referências de Catarina Nunes de Almeida, Eberhard Geisler, José do Carmo Francisco, Manuel G. Simões e José Vieira sobre alguns livros ou poemas que venho publicando. Desde já agradeço a sua leitura.

CUMBREÑO EM LISBOA

Ocorreu ontem, na sede do Instituto Cervantes em Lisboa, o lançamento de Teorias da Ordem, do poeta espanhol José María Cumbreño, obra editada pelas edições Sempre-em-Pé, com tradução minha para a língua portuguesa. Foram momentos de grande interesse, compartilhados com a apresentação de um livro de Casimiro de Brito, a partir de intervenção de Ángel Guinda.
Entre as palavras que proferi, já como leitor da antologia, talvez sejam uma síntese aceitável aquelas com que terminei:

"Nascido em 1972 na cidade de Cáceres, onde ainda hoje reside, com textos espalhados por várias revistas e poesia (em verso ou em prosa) publicada em livros como Las ciudades de la llanura (2000), Árboles sin sombra (2003), De los espacios cerrados (2006), Estrategias y métodos para la composición de rompecabezas (2008) e Diccionario de dudas (2009) ou na antologia Teorias da Ordem (2009), José María Cumbreño é uma das vozes que mais me interessam na poesia espanhola dos nossos dias. Feita de fragmentos de seres, de espaços e de memórias, que se combinam de forma por vezes inusitada, sem esconder o seu carácter de estilhaços e de escombros provenientes de uma catástrofe verbal, logo existencial, a sua poesia interpela-nos e inquieta-nos com uma ironia discreta, matizada pela nostalgia de quem vê o mundo por um espelho retrovisor. Porque, num mundo como o nosso, é preciso ter a coragem de “Beber de um copo partido. / Acalmar a sede, mesmo com o risco de conhecer a ferida”. Porque, mais tarde ou mais cedo, os estilhaços provocados pela catástrofe chegarão ao coração."


[Da esquerda para a direita: RV, José María Cumbreño, Casimiro de Brito, Ángel Guinda e José Carlos Marques.]
O poema como aventura etnográfica

Eduardo Jorge

Desde os remotos tempos míticos até a contemporaneidade, o poema está entrecruzado por diversas travessias. Travessias estas repletas de aventura, repletas de saber. Passando por diversas épocas e civilizações, o poema, ao seu modo, sobrevive e se transforma, garantindo, inclusive, um estatuto de documento na sua dimensão mais material. Daí um fato questionável do poema ser lido como objeto não apenas em um contexto após as vanguardas históricas, tendo em vista que esta já seria sua condição de existência. Se o poema nos fala de um lugar distante, o mais contemporâneo dos poetas ainda guarda uma dimensão ritual e performática com a palavra. O poema, mesmo inserido em um ambiente digital, guarda o ritmo, o canto e chama a atenção para outros usos da palavra, deslocando-a de sua invisibilidade no mundo informacional, que traz em seu conteúdo o sentido da mensagem. Ainda foi e é, a partir do poema, que diversos escritores, críticos e tradutores realizaram mapeamentos de diversas estirpes, pondo em prática um ofício de cartógrafo, localizando e deslocando diversas poéticas ao redor do mundo. Poética aqui tomada em seu étimo, isto é, seu fazer. Alguns destes fazeres podem ser conferidos em diversas antologias, reunião de escritores ou poetas agrupados por um traço geracional, comunitário ou afirmação em alguma minoria étnica. Frente a isto, um projeto parece interessante para pensar esta questão, sobretudo geracional das antologias. E neste projeto um subtítulo a princípio inquieta: “contraantologia”. Esta “contraantologia”, grafada assim mesmo, chama-se Portuguesia. Organizada pelo poeta e editor Wilmar Silva, Portuguesia parece questionar uma positividade de antologias que operam em um recorte que marca uma linearidade da historiografia literária. Neste aspecto, Portuguesia parece ser um objeto atravessado por uma prática etnográfica, na qual a viagem foi matéria-prima para o organizador que mapeou estas poéticas in loco. O livro comporta 101 poetas agrupados no fato de escreverem em língua portuguesa, em torno do Brasil (o recorte do projeto toca alguns poetas de Minas Gerais), Portugal, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Goa, Macau e Galícia.

Choque interno
No livro existe outra inquietação, afinal o poema fala mais alto. Os poemas de cada autor estão distribuídos de maneira randômica, praticamente aleatória, mas com o objetivo de concentrar uma leitura no poema, onde no rodapé da página encontra-se um pequeno código que dará a localização do autor em um índice remissivo contido no final da publicação. Encartado no livro, um DVD faz o papel inverso, com o registro das leituras dos participantes do Portuguesia apresentando os poetas por seus respectivos nomes e países. A presença de um DVD com tais registros de leitura aponta para um passo do projeto que reforça seu trabalho etnográfico com a dicção de cada poeta, isto é, saindo da dimensão da palavra impressa que este choque interno da própria língua portuguesa torna-se evidente. Portanto, o traço justificável que une os poetas neste livro – a língua portuguesa – é frágil e a qualquer momento pode ganhar outros contornos. é com esta “antropologia de uma poética” que Wilmar Silva parece ter iniciado um projeto que possivelmente se desdobrará como acontece com os primeiros resultados de uma expedição etnográfica, que geram índices para novas buscas, novas viagens. Nesta diversidade na qual se insere Portuguesia, o poema traça o seu caminho, porque os desafios para articular novos projetos que desmontem o que já está dado como forma fixa armam novas questões estéticas e políticas para se pensar o fenômeno literário.

Eduardo Jorge é mestre em estudos literários pela UFMG. Organizou o livro de ensaios Areia, animal, arquivo e alcachofra.
fonte: Estado de Minas 07 novembro 2009 caderno Pensar jornal Estado de Minas Belo Horizonte MG Brasil
JOSÉ Mª CUMBREÑO
(entrevista publicada aqui)

El poema como fracaso


Ángel Gómez Espada

José Mª Cumbreño (Cáceres, 1972) es uno de los poetas jóvenes de voz más personal en el actual panorama literario extremeño. Hasta ahora ha publicado Las ciudades de la llanura (Editora Regional, 2000), Árbol sin sombra (Algaida, 2003), Estrategias y métodos para la composición de rompecabezas (El Bardo, 2008), Diccionario de dudas (Calambur, 2009), así como el libro de relatos De los espacios cerrados (Fundación José Manuel Lara, 2006) y la antología bilingüe española-portuguesa Teorias da ordem (Ediçoes Sempre-em-Pé, 2008) [a lançar no próximo dia 11 de Novembro no Instituto Cervantes de Lisboa, pelas 18.15]. Poemas suyos han aparecido en revistas como Turia, El extramundi, Reloj de arena, Müsu, Diversos o Espacio / Espaço Escrito.
En la actualidad dirige la colección Litteratos de la editorial Littera libros y tiene en prensa la segunda edición (revisada) de Las ciudades de la llanura (Ediciones Trashumantes) y el poemario Breve biografía apócrifa de Walt Disney (Algaida)..
Viejo amigo de esta revista nuestra, hemos tenido la oportunidad de hablar con él de sus últimos logros, tanto en su faceta de editor como en la de excelente poeta.

—EL COLOQUIO DE LOS PERROS: ¿En estos tiempos que corren, meterse a editor de poesía se puede considerar un deporte extremo?
—JOSÉ MARÍA CUMBREÑO: Seguramente. Sobre todo si lo que se pretende es vivir de ello. En nuestro caso, a lo único a lo que aspiramos es a publicar libros que creemos necesarios. Por tanto, practicamos el equilibrismo con red. Vamos, que no vivimos de esto, lo que nos permite apostar por autores en función únicamente de su talento. Sin depender de premios ni de otras servidumbres. Los casos de Luis Arturo Guichard, Omar Pimienta, Elena Román o David Yáñez (escritores magníficos de los que oiremos hablar en el futuro) creo que son el ejemplo.
—ECP: Pero entonces, usted es de los que opinan que la poesía vive un momento de salud envidiable.
—JMC: Sí y no. Sí porque nunca ha habido tanta gente escribiendo poemas. No porque encontrar en medio de esa legión a artistas de verdad ya es muchísimo más complicado. En literatura actúa un ingrediente muy peligroso: la vanidad. Y es la vanidad (el hecho de ver el nombre de uno en la portada de un libro) la que empuja a la mayoría a no ser críticos con la obra propia. No parece saludable que el cajón de un escritor se encuentre vacío.
—ECP: ¿Convertir un poema en un rompecabezas es reconocer que se ha fallado con ese poema? O, muy al contrario, ¿es un signo de esa búsqueda de la esencialidad que alguna vez se le ha argumentado a sus poemarios?
—JMC: Todo poema es la constatación de un fracaso. La idea no es mía, por supuesto, pero me parece que describe con precisión lo que cualquier escritor debería sentir al terminar una obra. Precisamente será esa insatisfacción la que lo empujará a iniciar el poema siguiente.
—ECP: En una poética, usted dice que un poema es una casa que se construye con ausencias y presencias. ¿También con dudas, podríamos añadir ahora?
—JMC: Con dudas, recortes, retales, caminos sólo de ida, verdades a medias y mentiras piadosas. Es la asimetría lo que me parece que define la naturaleza humana.
—ECP: Esa metáfora de las puertas como vía por donde entra el poema y por donde comienza la búsqueda es una constante en sus poemarios, creo entender. Entonces, ¿su poesía se nutre más de las puertas que ha ido cerrando o de las puertas que gusta de abrir para observar?
—JMC: En cualquier caso, de huecos por los que pasar o colarse. Las puertas (incluso las que se tapian) son seres misteriosos que cambian a quien los atraviesa.
—ECP: Usted ha afirmado que un poema ha de aspirar a ser pura tensión. ¿Eso es lo que José Mª Cumbreño le pide al poema, por tanto?
—JMC: Es que la poesía debe tensar el idioma hasta llevarlo a decir cosas que habitualmente no dice.
—ECP: Un árbol sin sombra, un diccionario de dudas, una estrategia para componer un rompecabezas… ¿Es así como ve José Mª Cumbreño el poema antes de llevarlo al papel?
—JMC: Supongo que siento debilidad por lo imperfecto.
—ECP: De sus cuentos, tan vinculados a su forma de entender el poema y la poesía dice que son espacios cerrados. ¿No hay, por tanto, en el cuento posibilidad de puertas?
—JMC: Al contrario. Las cárceles se construyeron para huir de ellas. Como los cuentos a los que se refiere. Porque se supone que los textos que componen De los espacios cerrados son cuentos, aunque yo no lo tengo tan claro. La narrativa breve y la poesía comparten su debilidad por el escapismo.
—ECP: ¿Cómo se siente al ver su obra trasvasada a una lengua tan amiga de los extremeños como es el portugués?
—JMC: Como un privilegiado. La consideración que en Portugal se tiene de la poesía no tiene nada que ver con lo que ocurre en España. Pensemos que un autor como Peixoto ha vendido de su último poemario nada menos que 12.000 ejemplares. Eso en nuestro país no lo logra ni el poeta más consagrado [...] A ello hay que unir que la traducción de Teorias da ordem la ha realizado uno de los mejores poetas portugueses, Ruy Ventura, quien estoy seguro de que ha mejorado el original.
—ECP: Con la desaparición, triste para todos, de Ángel Campos Pámpano, ¿ha perdido más la literatura extremeña o la literatura portuguesa?
—JMC: La ibérica.
—ECP: ¿Qué deberían aprender los jóvenes poetas extremeños —por extensión pongamos también a los españoles— de la poesía hecha hoy en Portugal?
—JMC: Su curiosidad por buscar nuevos caminos para la poesía.
—ECP: ¿Qué poemarios de los que han aparecido en los tres últimos años le hubiera gustado incluir en su colección Litteratos?
—JMC: Más que libros en concreto, citaré algunos autores cuyos nombres me encantaría ver en el catálogo Litteratos. Porque sería magnífico contar con algún título de escritores como Déborah Vúkusic, Benito del Pliego, Víctor M. Díez, Susana Medina o Miriam Reyes.
Mário Crespo
in Jornal de Notícias

Os intocáveis

O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.
Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.
O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação. Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato. Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.
Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim. Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública. Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano. Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca.

NOVO LIVRO
DE PRISCA AGUSTONI
A Editora Vozes convida
para o lançamento do livro de poesia A Recusa, de Prisca Agustoni,
dia 04 DE NOVEMBRO DE 2009 Quarta-Feira 21 HORAS
CASA DA AMÉRICA LATINA
A Casa da América Latina fica na Av. 24 de Julho, 118 B, em Lisboa.