José do Carmo Francisco
(in Aspirina B, 21.4.2008)

Com que então
«Digna-se estar presente» o Nobel

A Secretaria Geral do Ministério da Cultura enviou-me um convite no qual José António Pinto Ribeiro, o ministro da cultura, me convida para a inauguração da exposição «José Saramago – A consistência dos sonhos» organizada por Fernando Gomez Aguilera. Até aqui tudo normal. Mas a segunda parte do convite contém uma frase estranha «Digna-se estar presente o escritor José Saramago.» E digo estranha porque assim até parece que ele está num céu demasiado azul e demasiado alto de tal modo que se digna descer até nós. Vindo deste ministro que aparece a defender o acordo ortográfico como se dependesse dele a salvação do Mundo e que ainda há dias vi numa cerimónia protocolar na Biblioteca Nacional a impedir de modo hostil que um fotógrafo trabalhasse (fotografando o ministro) na entrega do espólio de José Cardoso Pires ao Estado Português, cheira um bocado a esturro. Ainda se o Nobel se dignasse estar presente para explicar porque fez desaparecer depois de 1992 os nomes das pessoas do Lavre que lhe contaram as histórias do livro Levantado do Chão e sem as quais o livro nunca teria sido escrito por uma pessoa que nunca viveu no campo mas sim na Penha de França… Além do nome da Isabel da Nóbrega, são estes os nomes suprimidos na dedicatória: João Domingos Serra, João Basuga, Mariana Amália Basuga, Elvira Basuga, Herculano António Redondo, António Joaquim Cabecinha, Maria João Mogarro, João Machado, Manuel Joaquim Pereira Abelha, Joaquim Augusto Badalinho, Silvestre António Catarro, José Francisco Curraleira, Maria Saraiva, António Vinagre, Bernardino Barbas Pires e Ernesto Pinto Ângelo. Mas não. Ele não se digna fazer isso. Tal como eu não vou lá pôr os pés. Safa!

3 comentários:

Anónimo disse...

Saramago é um hipócrita e foi um perseguidor estalinista de pessoas no Diário de Notícias.
Os lambe-botas de sempre, porque não têm vergonha, com o pretexto de que o indivíduo é Nobel, procuram branquear as suas atitudes negativas.
José do Carmo Francisco de que sempre li com agrado poemas e os seus artigos no Sporting apesar de ser adepto do Salgueiros, é um tipo vertical. Daí chamar os bois pelos nomes e ter uma só cara.
Acho que é uma honra terem aí este poeta como colaborador e que nunca a voz lhe doa.

João Mário Janeira

Anónimo disse...

Um detalhe curioso, o organizador da exposição/santificação de Saramago é...espanhol.Ser espanhol não é defeito, mas cá não haveria gente à altura para isso?
Ou será mais um preguinho na indisfarçável atitude do Saramago de nos tentar subalternizar à Espanha?
O que os espanhóis sérios não tentam,tenta este nobelizado com esguelhas de fora. Vade retro coño.

A.Domingues

Anónimo disse...

Já se sabia o calibre de Saramago, o nobel que disse na TV o prémio é vosso mas o dinheiro é meu.
Ficou agora também a saber-se o tipo de mentalidade do sujeito que está como ministro da cultura.
Pobre cultura e pobre país.

Amélia Vicente