OU NÓS, OU O DILÚVIO

No domingo passado, enquanto me ia chegando a casa para almoçar, ouvi um provecto militante do pê-ésse afirmar que é absolutamente necessária uma maioria absoluta do seu partido nas próximas legislativas para que se evite a ingovernabilidade do país.
Há algumas semanas (ou meses?) atrás outro sénior senhor da mesma agremiação partidária teceu palavras com um teor parecido. Terão combinado?
Para que não restassem dúvidas da heterodoxia destes "senadores da república" (como sói dizer-se), acrescentaram críticas mansinhas ao gerente-mor deste país, para que não parecessem cópias encarquilhadas dum tal Augusto que de santo nada tem, mas cuja silvar propaganda a favor da canonização do filósofo da Covilhã pica como uma coroa de espinhos.
Curioso... Com os mesmos agrumentos ou argumentos muito parecidos conseguiu, pelos anos 30 do século passado, António de Oliveira aprovar a constituição corporativa num plebiscito. Com a mesma versão politicorra e descabelada do "ou nós ou o dilúvio" lavou Hugo Chávez a moleira de 55% dos venezuelanos, convencendo-os do que o melhor para o bolivariano país da América do Sul será tê-lo no poder até que Deus nosso senhor o faça dar o peido-mestre...
Lembrei-me, nessa altura, do meu estimado Popper: não vale a pena pensarmos muito em quem nos irá governar, mas nos métodos mais eficazes para nos livrarmos de quem nos gere os destinos com arrogância e incompetência.

3 comentários:

Anónimo disse...

Esses tipos têm de Chavez apenas esta diferença: ele vive na Venezuele e eles vivem cá. Nada mais. São fotocópias uns dos outros na sua arrogancia e avidez.
"Mi casa es tu casa".

Paulo Matias

Victor Oliveira Mateus disse...

Caro Ruy,

lamento não poder comentar o post
(ou estou a fazê-lo?) mas tenho
pouco tempo: ando a reler "A náusea"!

Teresa Lobato disse...

Sou pelo Popper e pelo Victor :), no caso deste artigo, infelizmente.