PODERES ANÓNIMOS
APODERAM-SE DA DEMOCRACIA
E DOS GOVERNOS


Gerentes de multinacionais, políticos das primeiras filas, jogadores das sociedades de acções e um estado reduzido à dimensão de Judas preocupado com a bolsa dos impostos, actuam como as pragas bíblicas dos gafanhotos que de tempos a tempos invadiam os campos do povo e os desbastavam com a sua voracidade indomável deixando atrás de si o desconsolo e a desorientação. O povo sofre a nível mundial. Em 1960 20% da população mais rica do mundo tinha um rendimento 30 vezes maior que o dos mais pobres. Em 1995 o rendimento dos mais ricos tinha aumentado para 85 vezes mais.Os energúmenos cartéis internacionais da energia, os cartéis ideológicos e do poder, reduzem o ser humano a presa. O petróleo sobe constantemente nas bombas de gasolina e com ele o preço dos produtos transportados e gerados à custa de energia. O mesmo se dá com o gás, a electricidade e os produtos alimentícios. Os preços tornaram-se astronomicamente simbólicos não correspondendo ao seu valor real. O gasóleo que é um produto de terceira qualidade, em relação à gasolina, chega mesmo a ultrapassar o preço desta. A indústria automóvel constrói carros com consumo de gasolina mais reduzido mas logo a gasolina é subida de maneira a, multinacionais e Estado, compensarem, com a subida do preço de combustível, o que perderiam com a redução de consumo. A política desobriga-se, perante um povo também ele anónimo mas ainda sensível às palavras, promovendo actos de fé na ecologia e na defesa do ambiente. O paradoxo da situação está em o negócio florescer melhor com uma natureza doente e um cidadão precário. Os Governos não promovem o razoável para o povo e para a defesa da natureza. Limitam-se a acantonar-se na defesa do status quo pernicioso, desviando as atenções dum povo clientela com responsórios de ocasião. Jogam às escondidas falando de energias alternativas, de CO2 e de modernização criando no povo esperanças e motivação para aguentar maiores cargas e sacrifícios. Não ousam a resistência às sociedades anónimas nem ao ditado do hábito rotineiro. Naturalmente que os políticos se encontram sobrecarregados com um sistema que pressupõe forças sobre-humanas para o dominar. Para isso seria necessária a mudança de mentalidade de todo o povo. O Estado não pode limitar-se à função de impedir a violência dos pequenos, considerando tabu a dos grandes.


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