A GRANDE BARRELA
Começou ontem oficialmente a grande barrela chamada "Comemorações do Centenário da República". Ora dizendo que apenas devemos comemorar a revolução de 1910 olhando para o futuro (para esquecermos o triste passado). Ora afirmando que a má imagem da Primeira República foi uma criação propagandística da ditadura do Estado Novo. Ora lançando para os olhos dos portugueses a poeira dos "pequenos erros" do período compreendido entre 1910 e 1926, de forma a ocultar os desmandos graves do jacobinismo sectário e anti-democrático que foram, de facto, os principais responsáveis pelos 48 anos de ditadura vividos pelo nosso país no século XX.
Basta lermos os textos de vários republicanos desinteressados e clarividentes que acompanharam os acontecimentos como testemunhas oculares (como por exemplo Fialho de Almeida) para chegarmos à conclusão de que estas comemorações são um erro e uma imensa campanha de propaganda destinada a manipular a consciência história de todos nós, de maneira a não vermos com olhos limpos o que se passa neste momento em Portugal.
Voltarei ao assunto, eu, republicano que não se revê em nenhuma das três repúblicas que dominaram a história nacional a partir de 1910, republicano que não confunde regime com forma de governo (no fundo o importante não é a república, regime político, mas uma forma de governo, a democracia - de que estamos ainda muito distantes).
Imagem: Bandeira nacional a partir da opinião do poeta republicano Guerra Junqueiro, que afirmou: "O Campo azul e branco permanece indelével. É o firmamento o mar o luar, o sonho dos nossos olhos o êxtase eterno das nossas almas. Os castelos continuam em pé inabaláveis, de ouro de glória, num fundo de sangue ardente e generoso ... A cruz do calvário, as das cinco chagas essa não morre, é o abraço divino, o abraço imortal... A coroa do Rei, coroa de vergonhas, já o não envilece, o não vislumbra. No brasão dos sete castelos e das quinas erga-se de novo a esfera armilar da nossa glória... E ao símbolo augusto do nosso génio ardente e aventuroso, coroemo-lo enfim de cinco estrelas em diadema dos cinco astros de luz vermelha e verde [ ...] dessa manhã heróica da rotunda." - Guerra Junqueiro, citado em "Do Azul-Branco ao Verde-Rubro. A Simbólica da Bandeira Nacional", de Nuno Severiano Teixeira, 1991
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