Como os cacos de um jarro, mal se emenda
o que restou do tempo não vivido,
toda a fatuidade entre o inferno e a lenda,
toda a procura de nexo ou sentido.
Não há eternidade que se aprenda.
Tudo esvanece. Tudo é um mercado
onde qualquer certeza está à venda
e onde até mesmo o nada é demarcado.
Teu próprio corpo é conduzido à feira.
És vendido como qualquer artigo,
qualquer quinquilharia que se queira
para entretenimento ou desabrigo.
Deves lutar, lutar sobremaneira
para que o chão seja leve contigo.

IACYR ANDERSON FREITAS
"Mirante"

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