Nicolau Saião
"O terrorismo está a vencer a batalha"
CARTA A UM CONFRADE
“O terrorismo é a acção de imprimir, mediante métodos cruentos ou outros o medo, o desespero e o abandono da decisão de resistência no adversário ou oponente” - General Belisário
Caro Xis
Como lhe prometi, apanho uns minutos para lhe enviar estas breves reflexões, que são efectuadas com estima e, também, muita preocupação, uma vez que como referiu num seu escrito Jacques Bergier, que foi membro da Resistencia Francesa e um resistente importante, "o terrorismo pode ganhar, caso aqueles que o enfrentam não o façam com determinação e lucidez".
No caso do terrorismo actual, verbi gratia o mais perigoso e actuante, o terrorismo muçulmano, infelizmente e depois de análises profundas e preocupadas a que tenho procedido, verifico que ele está a ganhar a batalha. E isto é assustador. Passo a explicar-me:
a) Talvez no terreno operacional a sociedade democrática e as forças oficiais que têm o dever de a proteger, tenham conseguido vitórias pontuais. Mas noutro plano, o plano da propaganda e da conquista interior, pela manha e aproveitando o laxismo que vai grassando nessas sociedades, eles estão a conseguir inegáveis vitórias, cujas causas e efeitos devem ser ponderados para se poder efectivar uma defesa eficaz. Caso contrário, a médio prazo - e já nem falo em longo prazo - eles vencerão.
b) O terrorismo, como é óbvio, não actua só no plano imediato, que se contrabalança mediante a preparação de boas e experientes, bem organizadas e bem equipadas forças de segurança. Ele actua num outro, que se diria secundário mas que é fundamental: na preparação do terreno, através de uma prática insidiosa levada a cabo por partidários seus que escavam a determinação do adversário: e eis que aparecem, com grande insistência, exigências absurdas - "direitos" que eles exigem nas universidades, na profissão, nos costumes quotidianos, mesmo já nos hábitos dos países que recebem a sua emigração por exemplo. E às quais a sociedade (onde buscam formar verdadeiros ghettos de privilégio) ou por cegueira produzida por uma falsa concepção de direitos democráticos, ou por laxismo proveniente de um "politicamente correcto" e um "multiculturalismo" mal entendidos, dá cobertura sem verificar que está, paulatinamente, a colocar a corda ao próprio pescoço.
Ou seja: numa sociedade democrática, saudável e real, deve haver CIDADÃOS que podem ser cristãos, judeus, budistas ou muçulmanos; e não cristãos, judeus, budistas ou muçulmanos que, se lhes apetecer, podem ser cidadãos...
Aqui reside o fulcro do problema. Esta é que é a fraqueza de base da nossa sociedade. E por isso ela está a perder a batalha.
Que dizer, por exemplo, ao deixar-se que (e neste caso falo dos muçulmanos, que são o perigo real e mais urgente) sempre sob a ameaça velada de que podem ser seduzidos pelos "extremistas", ou no mínimo ficar ofendidos (e daí?), se consente que em inúmeros casos eles reivindiquem ofender os Direitos Humanos mais elementares, com o pretexto que a sua religião lhes dá cobertura e acolhimento?
Esta é, por exemplo, a forma "pacífica" e realmente insidiosa, porque ardilosa, de criar pouco a pouco um terreno favorável a um domínio inegável e que NÃO DEVE CONSENTIR-SE. Pois, no fundo, o terrorismo não é mais que a fórmula violenta e expressa que assume o desejo de domínio mundial do Islão, QUE É COMUM E MESMO INSCRITA NO LIVRO SAGRADO, assim dito.
Não é democrática, porque visa suprimir e ultrapassar os direitos dos outros.
É assim que já se censuram, de forma ainda "cordata" de momento, mas bem real e efectiva, por exemplo as palavras de um cardeal, que no seu múnus tem o direito de alertar os cidadãos para os problemas que o islamismo está a pouco e pouco a INCREMENTAR (é disto que se trata). Claro, por enquanto mostram-se apenas magoados...Têm pouca força. Se fôsse por exemplo em França ou Inglaterra, basta ler-se a grande imprensa, haveríamos de ver...! (Vê-se a cada passo!).
E neste quadro não podemos esquecer (se o fizéssemos não passaríamos de simples tolos ou, no limite, pior que isso) o papel importantíssimo que têm tido as chamadas "quintas-colunas", em geral integradas por antigos partidários do Leste implodido, que levados pelo seu ódio ao Ocidente democrático transferiram a sua fidelidade para os Estados ou grupos islâmicos que, a seu ver, vão liquidar o "mundo burguês"...
c) Para se compreender o fenómeno crescente do terrorismo islâmico, tem de compreender-se o facto histórico que lhe está subjacente: a imposição do Califado.
Este é o cerne da questão. O terrorismo expresso, para o qual há ainda Leis, pode combater-se e está a combater-se, mais acertada ou inábilmente. Mas como combater a avançada insidiosa e que, bem vistas as coisas, consegue de maneira "pacífica" o que os outros buscam de forma mais brutal?
Mediante leis equilibradas, o Mundo Democrático e livre, sem ceder a chantagens, tem de dizer firmemente: "Pratiquem a vossa religião. Há liberdade para isso. Mas a sua prática não vos dá o direito de ultrapassarem os direitos humanos que tanto custaram a conquistar. A prática da vossa religião não pode consistir, nem consentiremos que se sobreponha, numa forma de obviar à prática da cidadania democrática. De contrário, é apenas um instrumento de pressão e subversão inadmissível!".
Caso não haja - e o tempo começa a esgotar-se - esta determinação inscrita em Leis sensatas, é só uma questão de tempo até ao domínio do Islão, de forma total e totalitária. Que é o que o terrorismo visa.
Pensar-se que vamos ser depois "suavemente tratados" pelos "moderados", é pura ilusão. Veja-se o que realmente sucedeu historicamente - e não através de contos de fadas - no domínio muçulmano...A bibliografia é abundante.
E porque - não me dirão? - haveremos nós de ter existir sob o calcanhar (que já se desenha em certos lugares) do ímpeto e leis islamitas?
Com que direito nos querem obrigar a viver no Império de Mafoma? Com o mesmo "direito" que, cá, lhes permite todo o proselitismo e, lá, condena praticantes da fé cristã a mortes ignominiosas?
Caso o Ocidente democrático não abra os olhos com sensatez, acabará mal. Em Byzancio sucedeu isso. Não queiramos repetir o erro. Pois é disto que se trata.
Confio em que leve a quem o puder ouvir a sua palavra clara e profícua. Lúcida e democrática.
Remeto-lhe o velho abraço do seu, de sempre
ns
(Também no Triplov)
Marco Aqueiva
Alguns poemas
O REAL INIMIGO
Quanto cotidiano cabe em teu crânio?
À luz do dia – a superfície em destroços
cidade e as coisas feitas avançando
e à medida das cascas não bastam olhos
Quanto cotidiano cabe no homem
até os sonhos estalarem vazios por dentro?
De quanta grandeza um oco estalo sem onde
: violência sem contato e ocasião propícia
POEMA PORRADA
Os olhos antes da chegada do corpo
armam-se meticulosos e laterais
chegam de passagem fortemente
insatisfeitos
A sucata do corpo entre rugas e cosméticos
alonga-se aos olhos seviciados pelas pequenas
unhas comprimidas contra a própria mão fechada
O rosto vazio em cada gesto desses olhos
o tremor que desliza pelo corpo
breve tremor injetando-se em torno das unhas
E no meio da rua a mão
cirúrgica contra o real obrigatório e azul
esmurra o corpo que cruza sua trajetória
só de passagem
O ANTROPÓFAGO NAS LETRAS
O chão perco na releitura
um clarão me prolonga
até arder-me em chamas
é o texto me chamando
a esta paisagem urbana
a ponto de principiá-lo
como tua carne minha
me sabe sei que devora
Alguns poemas
O REAL INIMIGO
Quanto cotidiano cabe em teu crânio?
À luz do dia – a superfície em destroços
cidade e as coisas feitas avançando
e à medida das cascas não bastam olhos
Quanto cotidiano cabe no homem
até os sonhos estalarem vazios por dentro?
De quanta grandeza um oco estalo sem onde
: violência sem contato e ocasião propícia
POEMA PORRADA
Os olhos antes da chegada do corpo
armam-se meticulosos e laterais
chegam de passagem fortemente
insatisfeitos
A sucata do corpo entre rugas e cosméticos
alonga-se aos olhos seviciados pelas pequenas
unhas comprimidas contra a própria mão fechada
O rosto vazio em cada gesto desses olhos
o tremor que desliza pelo corpo
breve tremor injetando-se em torno das unhas
E no meio da rua a mão
cirúrgica contra o real obrigatório e azul
esmurra o corpo que cruza sua trajetória
só de passagem
O ANTROPÓFAGO NAS LETRAS
O chão perco na releitura
um clarão me prolonga
até arder-me em chamas
é o texto me chamando
a esta paisagem urbana
a ponto de principiá-lo
como tua carne minha
me sabe sei que devora
Há visões que, sendo localizadas, podem servir como arquétipos ou como histórias de proveito e exemplo. "A arquitectura e o seu uso" e "Um comércio moribundo", publicados por mim no Arquivo do Norte Alentejano, entram quanto a mim nesta categoria. Por isso agradeço desde já a vossa leitura.
A nova imagem que ilustra o Estrada do Alicerce é uma fotografia da calçada medieval que ligava Portalegre a Castelo de Vide, passando pelas proximidades da minha aldeia de Carreiras. Foi tirada por Pedro Lourinho e está disponível também aqui.
Pedro du Bois
TRAJETOS
29
As vezes
em que me disse
pronto. Menti a consideração devida.
Alçado ao comando refuguei
a tropa. Descrevi lutas: enfronhado
em tiros retirei do nada a afirmação
de estar apto ao encontro.
As vozes ditam regras inabaláveis
e ao longe escuto a serra cortar
o lastro do meu barco.
Não estou pronto ao descortínio.
A visão embaça enquanto choro
impropriedades.
(inédito)
TRAJETOS
29
As vezes
em que me disse
pronto. Menti a consideração devida.
Alçado ao comando refuguei
a tropa. Descrevi lutas: enfronhado
em tiros retirei do nada a afirmação
de estar apto ao encontro.
As vozes ditam regras inabaláveis
e ao longe escuto a serra cortar
o lastro do meu barco.
Não estou pronto ao descortínio.
A visão embaça enquanto choro
impropriedades.
(inédito)
João Candeias
[para Cristovam Pavia]
palavras I
vamos agora esbater as fronteiras
pegar nos remos, navegar como se
uma luz acenasse do infinito
contornar o vazio das palavras
a alucinação deletéria das imagens
a imensa bravura dos oceanos
vamos situar as estevas ao nível das fontes
libertar-nos dessa opressão do corpo:
tomemos o peso ao corpo, até que
o peso do corpo sobre o coração
identifique o rosto
a perfeição do corpo deleitoso
o seu perfil humano, desamericanizado e belo
os lábios descem à emanação telúrica do basalto
vicejam avencas pela verdadeira rede das palavras
é aí que renascem, se nutrem, crescem
flâmulas eufóricas no vento do diálogo
o diálogo encontra a luz e o ouro
sobre a sombra
azul o corpo retoma a navegação como se
o licorne de ouro acenasse do infinito
palavras II
porque te quedaste imperioso, interrogante do silêncio
como espécie rara por habitar os aziagos destinos
com um lampejo de voz nas arestas vivas dos caminhos;
porque descias o chiado com uma lâmpada acesa
à procura do mapa com o plano dos diálogos definitivos…
as palavras, as palavras sempre te aterraram
com elas se decidiram os grandes duelos da honra
por elas se construíram os grandes templos de deus – topografias da alma –
e se desejou a salvação no dia do armistício.
aliás é sempre o que sobra do que se diz o mais inquietante
o movimento circular como um espelho lunar do gesto interminável
que se não completa na orquestrada gargalhada suspensa.
desço ao seio dos teus dias pela haste estreita do acaso
e desafio cada peça do cenário em que pintas
a cidade o acto de nascer e de continuar morrendo
o blusão negro com badges da paz rasgada
ao pequeno inferno onde afogas as paixões mais solenes
e ousas sempre um outro passo ágil e furtivo
e observas nas montras de natal as máscaras da nova contrição.
o rio é sempre uma larga espera quando se espraia em quietude
serenidade, e resguarda futuros, adormece e acorda ausências
[para Cristovam Pavia]
palavras I
vamos agora esbater as fronteiras
pegar nos remos, navegar como se
uma luz acenasse do infinito
contornar o vazio das palavras
a alucinação deletéria das imagens
a imensa bravura dos oceanos
vamos situar as estevas ao nível das fontes
libertar-nos dessa opressão do corpo:
tomemos o peso ao corpo, até que
o peso do corpo sobre o coração
identifique o rosto
a perfeição do corpo deleitoso
o seu perfil humano, desamericanizado e belo
os lábios descem à emanação telúrica do basalto
vicejam avencas pela verdadeira rede das palavras
é aí que renascem, se nutrem, crescem
flâmulas eufóricas no vento do diálogo
o diálogo encontra a luz e o ouro
sobre a sombra
azul o corpo retoma a navegação como se
o licorne de ouro acenasse do infinito
palavras II
porque te quedaste imperioso, interrogante do silêncio
como espécie rara por habitar os aziagos destinos
com um lampejo de voz nas arestas vivas dos caminhos;
porque descias o chiado com uma lâmpada acesa
à procura do mapa com o plano dos diálogos definitivos…
as palavras, as palavras sempre te aterraram
com elas se decidiram os grandes duelos da honra
por elas se construíram os grandes templos de deus – topografias da alma –
e se desejou a salvação no dia do armistício.
aliás é sempre o que sobra do que se diz o mais inquietante
o movimento circular como um espelho lunar do gesto interminável
que se não completa na orquestrada gargalhada suspensa.
desço ao seio dos teus dias pela haste estreita do acaso
e desafio cada peça do cenário em que pintas
a cidade o acto de nascer e de continuar morrendo
o blusão negro com badges da paz rasgada
ao pequeno inferno onde afogas as paixões mais solenes
e ousas sempre um outro passo ágil e furtivo
e observas nas montras de natal as máscaras da nova contrição.
o rio é sempre uma larga espera quando se espraia em quietude
serenidade, e resguarda futuros, adormece e acorda ausências
João Filipe Bugalho
(texto e pintura)
FRONTEIRA E MEMÓRIA
Sever, fronteira da minha memória.
Rio que separa e une duas margens.
Eterno contrabandista.
Tranquilo, bravo, solitário, na paisagem dura de xisto, quase deshabitada.
Rio que seca e deixa apenas pegos onde se retempera e refresca a bicharada.
Sombras sadias de amieiros e choupos, seixos soltos, margens tranquilas.
Memórias das tardes quentes que refrescávamos com uma talhada de melancia, sob o laranja intenso do antepôr do sol.
Com pó e suor na pele mas uma sensação quente de bem estar, sensual, inesquecível.
Ainda hoje revisitada.
Como o canto apelativo dos abelharucos, voando por cima.
Luz do fim da tarde que foi abrazadora,
luz inseparável dos sons vagos dos chocalhos de um rebanho quase perdido na distância.
Bravura agreste do rio, correndo no próprio leito de pedra, por si talhada.
Silêncio estival, apenas rasgado pelo vôo azul do guarda-rios,
de onde em quando pontuado pelo triste e escasso piar da cotovia.
Peso do calor que nos faz buscar a quietude e o silêncio na protecção da sombra.
Que acalma.
Mas que nos fórça a contemplar.
A sentirmo-nos ínfimos na imensidão do espaço.
Serras distantes, onde se espraiam laivos laranja-azulados de poentes que fazem ressaltar os brancos casarios.
FRONTEIRA E MEMÓRIA
Sever, fronteira da minha memória.
Rio que separa e une duas margens.
Eterno contrabandista.
Tranquilo, bravo, solitário, na paisagem dura de xisto, quase deshabitada.
Rio que seca e deixa apenas pegos onde se retempera e refresca a bicharada.
Sombras sadias de amieiros e choupos, seixos soltos, margens tranquilas.
Memórias das tardes quentes que refrescávamos com uma talhada de melancia, sob o laranja intenso do antepôr do sol.
Com pó e suor na pele mas uma sensação quente de bem estar, sensual, inesquecível.
Ainda hoje revisitada.
Como o canto apelativo dos abelharucos, voando por cima.
Luz do fim da tarde que foi abrazadora,
luz inseparável dos sons vagos dos chocalhos de um rebanho quase perdido na distância.
Bravura agreste do rio, correndo no próprio leito de pedra, por si talhada.
Silêncio estival, apenas rasgado pelo vôo azul do guarda-rios,
de onde em quando pontuado pelo triste e escasso piar da cotovia.
Peso do calor que nos faz buscar a quietude e o silêncio na protecção da sombra.
Que acalma.
Mas que nos fórça a contemplar.
A sentirmo-nos ínfimos na imensidão do espaço.
Serras distantes, onde se espraiam laivos laranja-azulados de poentes que fazem ressaltar os brancos casarios.
Austeros. Às vezes sós, sombrios.
Mas que, uma vez dentro, se nos revelam e nos acolhem.
Que nos desvendam, nos recantos e nos pátios, os seus mais antigos e íntimos segredos. Até mesmo as suas gentes.
Envoltos em planuras infindas, cortadas por escassas rectas de muros,
intermináveis...
Vagamente cobertas de restolho amarelecido, queimado pelo Sol.
Ou alqueives, de pó vermelho e sêco, tingindo o horizonte.
Com danças de sobreiros sobre a paisagem.
Ou linhas e linhas de colinas sedentas, como corpos de mulher.
Céus sempre diferentes, carregados de imagens ditadas por nuvens,
imparáveis,
brancas, sépias, às vezes cinzento-chumbo quase negras,
de ameaçadoras trovoadas.
Além dos infinitos espaços, apenas a ímpar, indescritível, solidão da azinheira.
Cujo tronco, revelando a cicatriz do tempo, é a própria resistência.
A vida.
Sever memória, fronteira, esperança.
Sever, de contrabando e de partida.
ATLAS
nem one nem um nem eins nas mãos
nem two nem dois nem zwei nos pés
nem three nem três nem drei nos pés
nem four nem quatro nem vier nos pés
nem five nem cinco nem fünf nos pés
nem six nem seis nem sechs nos pés
nem seven nem sete nem sieben nos pés
nem eight nem oito nem acht nos pés
nem nine nem nove nem neun nos pés
nem ten nem dez nem zehn nos pés
cem eleven cem onze cem elf mil mãos cem mil pés
São Poema
Ão Poema na cabeça
Ão Poema nas costas
Ão Poema nas
Pernas nos
Pés
Ão Poema no meio ao peito
Ão Poema nas mãos aos cãos
ãosãosãosãosãos
Sãonão Poemas os rastos
Sãoão Poemas onde eu
Cê ande
nem two nem dois nem zwei nos pés
nem three nem três nem drei nos pés
nem four nem quatro nem vier nos pés
nem five nem cinco nem fünf nos pés
nem six nem seis nem sechs nos pés
nem seven nem sete nem sieben nos pés
nem eight nem oito nem acht nos pés
nem nine nem nove nem neun nos pés
nem ten nem dez nem zehn nos pés
cem eleven cem onze cem elf mil mãos cem mil pés
São Poema
Ão Poema na cabeça
Ão Poema nas costas
Ão Poema nas
Pernas nos
Pés
Ão Poema no meio ao peito
Ão Poema nas mãos aos cãos
ãosãosãosãosãos
Sãonão Poemas os rastos
Sãoão Poemas onde eu
Cê ande
Menino Jesus É Rei
Alvez eu screva um oema epois do atal
E alvez eu screva um oema epois da assagem
E ode ser que o oema ale de uzes e ão de rzes
E do eregrino que asceu na strebaria e ndou
Luminado elo undo de elém e epois
Orreu na ruz ara alvar os omens Alvez
Eu screva um oema que ale de az Alvez
A az eja um írculo de strelas adentes
Aindo ozinhas ao éu huviscam a oite
Que é iva e ediviva de aga-umes
Leluia, enino esus é ei-
É ei, É ei, Ér Rei.
Arco-
íris
O Cavalo não é olavac
O Pássaro não é orassáp
E
O Menino não é oninem
Mas o menino é um olavac
E quando vira cavalo
V
ira arassáp
Foice
Foi Foiçar e Foiçou os pés e os pés
Ficaram Foiçados sem os dedos foi Foiçar
Os dedos entre abóboras e a abóbada Foiçou
A vista foi Foiçar a vista nas pálpebras no meio
Às retinas As íris é que Foiçaram as estrelas imagin
Árias foi Foiçar o imaginário e o imaginário é que
Foiçou a constelação de pensamentos foi Foiçar
Os pensamentos e os pensamentos é que Foiçaram
Os cabelos foi Foiçar os cabelos e os cabelos é que
Foiçaram a cabeça foi Foiçar
A cabeça e a cabeça Foiçou o Céu
E o Céu O cerebelo.
Poema Branco
Ão assim, assim não.
Ão, sim, assim não. N
ão, sim.
Assim você é. Perfeito.
E você tem que ser é. Puro,
Sendo Im-
Puro.
Ão assim, assim não.
Ão, sim, assim não. N
ão, sim.
Assim você é. Perfeito.
E você tem que ser é. Puro,
Sendo Im-
Puro.
Ão assim, assim não.
Ão, sim, assim não. N
ão, sim.
olhos
Ol
Hei os meus yeux e v e v
I os meus ojos e não os I os yeux
Olhos meus ojos olhos
Ol
Hei os meus yeux e v e v
I os meus ojos e não os I os yeux
Olhos meus ojos olhos
Ol
Hei os meus yeux e v e v
I os meus ojos e não os I os yeux
Olhos meus ojos olhos
laje
e depois de bater a laje vem esse temporal
e depois desse temporal vem os pés sobre a laje
sobre a laje os olhos a verter águas de arco-íris
e cristalino sobre a laje
as íris as membranas as retinas as imagens
os olhos de lince para o lince olhar a laje
os estragos da chuva na laje
e depois a laje pisada e vista
a laje meio a meio e virgem a laje
a laje para o cume
o cume da laje para o meu pássaro rouxinol
sim a casa para a chuva a constelação de sóis e luas e estrelas
a colheita de canários
e o plantio das palmas e plantas
Alvez eu screva um oema epois do atal
E alvez eu screva um oema epois da assagem
E ode ser que o oema ale de uzes e ão de rzes
E do eregrino que asceu na strebaria e ndou
Luminado elo undo de elém e epois
Orreu na ruz ara alvar os omens Alvez
Eu screva um oema que ale de az Alvez
A az eja um írculo de strelas adentes
Aindo ozinhas ao éu huviscam a oite
Que é iva e ediviva de aga-umes
Leluia, enino esus é ei-
É ei, É ei, Ér Rei.
Arco-
íris
O Cavalo não é olavac
O Pássaro não é orassáp
E
O Menino não é oninem
Mas o menino é um olavac
E quando vira cavalo
V
ira arassáp
Foice
Foi Foiçar e Foiçou os pés e os pés
Ficaram Foiçados sem os dedos foi Foiçar
Os dedos entre abóboras e a abóbada Foiçou
A vista foi Foiçar a vista nas pálpebras no meio
Às retinas As íris é que Foiçaram as estrelas imagin
Árias foi Foiçar o imaginário e o imaginário é que
Foiçou a constelação de pensamentos foi Foiçar
Os pensamentos e os pensamentos é que Foiçaram
Os cabelos foi Foiçar os cabelos e os cabelos é que
Foiçaram a cabeça foi Foiçar
A cabeça e a cabeça Foiçou o Céu
E o Céu O cerebelo.
Poema Branco
Ão assim, assim não.
Ão, sim, assim não. N
ão, sim.
Assim você é. Perfeito.
E você tem que ser é. Puro,
Sendo Im-
Puro.
Ão assim, assim não.
Ão, sim, assim não. N
ão, sim.
Assim você é. Perfeito.
E você tem que ser é. Puro,
Sendo Im-
Puro.
Ão assim, assim não.
Ão, sim, assim não. N
ão, sim.
olhos
Ol
Hei os meus yeux e v e v
I os meus ojos e não os I os yeux
Olhos meus ojos olhos
Ol
Hei os meus yeux e v e v
I os meus ojos e não os I os yeux
Olhos meus ojos olhos
Ol
Hei os meus yeux e v e v
I os meus ojos e não os I os yeux
Olhos meus ojos olhos
laje
e depois de bater a laje vem esse temporal
e depois desse temporal vem os pés sobre a laje
sobre a laje os olhos a verter águas de arco-íris
e cristalino sobre a laje
as íris as membranas as retinas as imagens
os olhos de lince para o lince olhar a laje
os estragos da chuva na laje
e depois a laje pisada e vista
a laje meio a meio e virgem a laje
a laje para o cume
o cume da laje para o meu pássaro rouxinol
sim a casa para a chuva a constelação de sóis e luas e estrelas
a colheita de canários
e o plantio das palmas e plantas
ALGUNS LIVROS DE 2008
Sempre me pareceu ridículo andarmos a fazer listas dos "melhores" livros de um ano que acaba de findar. Sendo impossível lermos todos os milhares de volumes que se editam, não me parece justo destacarmos alguns, pois corremos o risco de sermos injustos para com todos aqueles que - sendo excelentes - não tiveram a possibilidade de chegar às nossas mãos, aos nossos olhos e ao nosso pensamento. Assim sendo, apresento a quem me lê apenas alguns títulos que marcaram especialmente este leitor no último semestre de 2008 - na esperança de que o rol abra o apetite de outros devoradores igualmente insaciáveis:
ADÉLIA PRADO - Solte os cachorros (1979)
AMADEU BAPTISTA - Poemas de Caravaggio (2008)
C. RONALD - Um lugar para os dias (2008)
CLAUDE ROY - O Homem em Questão (1960)
F. NIETZSCHE - Poemas (trad. Paulo Quintela)
FIALHO DE ALMEIDA - À Esquina (1903)
FIALHO DE ALMEIDA - Saibam quantos... (1910)
GEORGE ORWELL - Por que escrevo
GOTTFRIED BENN - Problemas de la lirica (1951)
HILDE DOMIN - Estende a mão ao milagre
HÖLDERLIN - Poemas (trad. Paulo Quintela)
J. W. GOETHE - Poemas (trad. Paulo Quintela)
JOSÉ RÉGIO - Jacob e o Anjo (1940)
LOUIS ARAGON - Les Chambres (1969)
MARIA GABRIELA LLANSOL - Inquérito às Quatro Confidências (1996)
MARIA GABRIELA LLANSOL - Um falcão no punho
MARIE NOËL - Madrugada Secreta
NICOLAU SAIÃO - O Armário de Midas (2008)
OSCAR WILDE - O Retrato do sr. W. H. (1891)
PAUL AUSTER - Trilogia de Nova Iorque (1985)
PHILIP ROTH - A Mancha Humana (2000)
RAMÓN GÓMEZ DE LA SERNA - Goya (1950)
ROBERT MUSIL - L' Homme sans Qualités (trad. de Philippe Jaccottet)
STÉPHANE MALLARMÉ - Pour un tombeau d' Anatole
SYLVIA PLATH - Pela água (trad. M. Lourdes Guimarães)
UMBERTO ECO & outros - La Nueva Edad Media (1973)
Sempre me pareceu ridículo andarmos a fazer listas dos "melhores" livros de um ano que acaba de findar. Sendo impossível lermos todos os milhares de volumes que se editam, não me parece justo destacarmos alguns, pois corremos o risco de sermos injustos para com todos aqueles que - sendo excelentes - não tiveram a possibilidade de chegar às nossas mãos, aos nossos olhos e ao nosso pensamento. Assim sendo, apresento a quem me lê apenas alguns títulos que marcaram especialmente este leitor no último semestre de 2008 - na esperança de que o rol abra o apetite de outros devoradores igualmente insaciáveis:
ADÉLIA PRADO - Solte os cachorros (1979)
AMADEU BAPTISTA - Poemas de Caravaggio (2008)
C. RONALD - Um lugar para os dias (2008)
CLAUDE ROY - O Homem em Questão (1960)
F. NIETZSCHE - Poemas (trad. Paulo Quintela)
FIALHO DE ALMEIDA - À Esquina (1903)
FIALHO DE ALMEIDA - Saibam quantos... (1910)
GEORGE ORWELL - Por que escrevo
GOTTFRIED BENN - Problemas de la lirica (1951)
HILDE DOMIN - Estende a mão ao milagre
HÖLDERLIN - Poemas (trad. Paulo Quintela)
J. W. GOETHE - Poemas (trad. Paulo Quintela)
JOSÉ RÉGIO - Jacob e o Anjo (1940)
LOUIS ARAGON - Les Chambres (1969)
MARIA GABRIELA LLANSOL - Inquérito às Quatro Confidências (1996)
MARIA GABRIELA LLANSOL - Um falcão no punho
MARIE NOËL - Madrugada Secreta
NICOLAU SAIÃO - O Armário de Midas (2008)
OSCAR WILDE - O Retrato do sr. W. H. (1891)
PAUL AUSTER - Trilogia de Nova Iorque (1985)
PHILIP ROTH - A Mancha Humana (2000)
RAMÓN GÓMEZ DE LA SERNA - Goya (1950)
ROBERT MUSIL - L' Homme sans Qualités (trad. de Philippe Jaccottet)
STÉPHANE MALLARMÉ - Pour un tombeau d' Anatole
SYLVIA PLATH - Pela água (trad. M. Lourdes Guimarães)
UMBERTO ECO & outros - La Nueva Edad Media (1973)
Poemas no Brasil
Foram recentemente publicados em páginas brasileiras alguns poemas do coordenador deste blogue. No sítio de Antônio Miranda, director da Biblioteca Nacional de Brasília e escritor, saíram alguns originais pertencentes a Vale dos Homens, livro ainda inédito. Na Cronópios, por sua vez, podem ser lidos alguns textos que fazem parte do futuro Parábolas e Alegorias.
Agradeço desde já a vossa leitura!
Foram recentemente publicados em páginas brasileiras alguns poemas do coordenador deste blogue. No sítio de Antônio Miranda, director da Biblioteca Nacional de Brasília e escritor, saíram alguns originais pertencentes a Vale dos Homens, livro ainda inédito. Na Cronópios, por sua vez, podem ser lidos alguns textos que fazem parte do futuro Parábolas e Alegorias.
Agradeço desde já a vossa leitura!
SERIA BOM TROCARMOS
ALGUMAS IDEIAS SOBRE O ASSUNTO
As televisões vêm apresentando uma "onda de indignação" pelo que está a suceder na Faixa de Gaza. Não sei até que ponto o que a comunicação social apresenta corresponde à verdade verificável, pois uma das características da "nova Idade Média" em que vivemos é a manipulação política dos factos nos órgãos de comunicação, através de imagens falsificadas e de discursos verbais modelados pela hipocrisia. Assim sendo, gostaria que alguém me explicasse, com os devidos fundamentos sociológicos, históricos e científicos:
1. Como podem os habitantes de um país defender-se de atentados constantes à sua dignidade física e psicológica, se esses ataques são movidos por um terrorismo que visa destruir a sua existência enquanto comunidade organizada em Estado independente e democrático?
2. Que vantagens trará aos habitantes desse país (tenham a identidade cultural que tiverem) a substituição de um regime democrático por uma teocracia tirânica e violadora dos mais elementares direitos humanos?
3. Como se distinguem, no meio de uma população civil, os terroristas dos não-terroristas, os militantes de um movimento "de libertação" dos "inocentes" que os rodeiam?
4. Que características físicas ou psicológicas dão mais valor aos mortos de um grupo sócio-religioso e o retiram aos de outro?
5. Como é possível destruir as armas existentes em edifícios de habitação, locais de culto ou estabelecimentos de ensino sem macular quantos os povoam (talvez de propósito)?
6. Que mecanismos usa para promover a paz dos seus concidadãos um movimento político-religioso cujo único objectivo é provocar o adversário e defender a sua extinção física e cultural?
7. Que respeito tem pelo seu povo um grupo que usa os seus conterrâneos como escudos humanos, expondo-os à violência e à morte?
8. Que consideração tem pelos seres humanos um grupo armado que usa as crianças como combatentes e/ou as educa para a futura prática de atentados?
9. Como é possível existir uma verdadeira paz sem que haja, simultaneamente, uma prática constante de tolerância mútua?
10. Que razões têm levado, nas últimas décadas, muitos dos antigos defensores do "paraíso de leste" a transferirem para a "tolerância islamita" os seus ditirambos e louvores?
Quando essas explicações surgirem, talvez possamos entender quem tem razão e quem a não tem neste conflito. Não podemos esquecer que "o discurso e a escrita política são em grande medida a defesa do indefensável" e "a própria política é uma massa de mentiras, fugas, tolices, ódio e esquizofrenia", como referiu George Orwell no seu ensaio "Politics and the English Language".
ANO NOVO
O ano novo é um corpo velho a que vestiram camisola lavada sem, contudo, lhe darem banho. Se não nos aproximarmos muito, ainda mete vista. Mas, se nos chegarmos, veremos a mesma sujidade de sempre e sentiremos no nariz o mau cheiro habitual.
Por isto, ligo tão pouco aos festejos desta época. Podem ter extroversão e alegria (se se pode chamar "alegria" às bebedeiras, à gritaria e ao foguetório para o povo ver), mas mostram sempre muito pouca felicidade.
Faço o jeito à família, para não me tornar antipático. Mas no fundo estes dias servem-me tão só para agradecer o que recebi no ano defunto e para colocar pilha nova na Esperança, sem a qual ninguém consegue viver e apenas existe.
O ano novo é um corpo velho a que vestiram camisola lavada sem, contudo, lhe darem banho. Se não nos aproximarmos muito, ainda mete vista. Mas, se nos chegarmos, veremos a mesma sujidade de sempre e sentiremos no nariz o mau cheiro habitual.
Por isto, ligo tão pouco aos festejos desta época. Podem ter extroversão e alegria (se se pode chamar "alegria" às bebedeiras, à gritaria e ao foguetório para o povo ver), mas mostram sempre muito pouca felicidade.
Faço o jeito à família, para não me tornar antipático. Mas no fundo estes dias servem-me tão só para agradecer o que recebi no ano defunto e para colocar pilha nova na Esperança, sem a qual ninguém consegue viver e apenas existe.
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