para a Sofia


nada sei dos pássaros ou dos dias
de calor nem mesmo conheço
a transparência da rama dos pinheiros
movendo-se como quem procura num astro
ou em qualquer outro telhado
a altura dos corpos pela manhã

a sua órbita foi
ocupando cada face como um lençol
ou como uma cidade que cresce

nada sei de suas formas
nem tão pouco de sua estranha fotossíntese
desenho que nem a morfologia
das vidraças
tem conseguido traduzir
como estrada

ou linguagem



Nota: Este poema, publicado no meu primeiro livro, Arquitectura do Silêncio (Difel, 2000), e dedicado à neta de Nicolau Saião, Mariana, por ocasião do seu nascimento, é agora transportado em dedicatória para a minha filha, Sofia, nascida no passado dia 19 de Janeiro, pelas 10h20, em Lisboa.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ruy Ventura, consinta que lhe dê parabéns pela sua filha, extensivos a sua Esposa. Gostei do poema, é bonito e carinhoso. Tudo o que o rodeia revela afecto e é uma grande alegria o nascimento de um novo pequeno ser. Deus lhe dê muitas felicidades e a todos.

Anónimo disse...

Ao Dr. Ruy Ventura e à Esposa os meus parabéns pelo nascimento da Sofia; aconteceu Natal nesta família amiga, pelo que torno extensivos os meus parabéns aos avós e demais familiares. O poema é todo ele o materializar dos sentimentos e afectos dum pai maravilhado; fez-me bem saboreá-lo. As maiores felicidades para a Sofia e para todos quantos se alegram com o seu nascimento

Ruy Ventura disse...

Obrigado!

Teresa Lobato disse...

Lindo o teu poema, Ruy, como a tua Sofiazita.
Muitos versos para ela!