FLORIANO MARTINS

Regressado a estas lides, apetece-me partilhar convosco esta belíssima colagem e este belíssimo poema de Floriano Martins:




Em versos que sabem repetir-se, desperta lentamente
a tua noite acumulada em meu peito: folhagem abrigada
à beira do abismo, e então me sentes, de bruços,
flagrante de peixes escavando nuvens na acústica do mar
que embala teus sonhos: elegias que a todo instante
acariciam o cenário de mamilos fulminantes, feixe de ritos,
luzes em pranto encontradas sob a pele, suores louvados.
Dorso apegado ao entusiasmo, com suas encostas
folheando estrofes e línguas de fogo no excesso de risos.
Ali onde eu espero que a tua eternidade me acalme,
um bailado de ancas faz da noite um gato na janela
a revelar em seu olhar o último andar onde renasces:
não te escondes atrás de um segredo, roubas o limiar
de rumores, as dissonâncias do amor e saltas em meu colo.

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