Nicolau Saião

UMA MINISTRA PARA MANTER

Em certos círculos, tem sido pedido que a inadequada senhora que está ministra do eensino no governo Sócrates, provavelmente o pior depois de cimentada a democracia tendencial em que Portugal vegeta, seja demitida ou, num arroubo de sensatez ou de pudor intelectual, saia ela mesma por decisão própria.

Peço aos professores, fautores primeiros duma humanização inicial dos alunos enquanto crianças e, mais tarde, enquanto adolescentes, que não alinhem nessa facilidade.

Por consideração minha pela actividade da senhora em causa? De forma alguma.

Por uma razão muito diferente e, arriscaria dizer, de senso comum. Ou, então, de justa estratégia pedagógica e verdadeiramente democrática.

Sigam-me durante um par de minutos e todos entenderemos o porquê do meu alvitre.

Em primeiro lugar, devido ao cinismo político do homem que neste momento é primeiro-ministro. Em segundo lugar, pela sua insensibilidade ante o interesse mais alto da Nação, pervertido que está o seu senso das realidades e do quotidiano. Sócrates, enquanto ser de pensamento societário, é um sujeito que não consegue pensar o múnus político sem ser pela sua bitola conceptual de pequeno líder que, por um bambúrrio de sorte em que por vezes o destino é fértil, chegou alto.

Nesta conformidade, apenas consegue raciocinar a realidade política, enquanto factor de progresso e desejável bem-estar do país, pelos binóculos do interesse partidário e, muito particularmente, pelo óculo de longo alcance da sua carreira pública e dos áulicos que o rodeiam.

Assim sendo, a ministra (“ajudanta”, para empregarmos a expressão vivaz dum antigo manipulador do poder), não passa de uma cera moldável nas suas mãos hábeis enquanto governante.
Se Lurdes Rodrigues fôr alijada, tal como se fez na “jogada” Correia de Campos (ex-titular da Saúde, lembram-se?), isso permitirá que a cégada, mas mais disfarçada e eficaz, continue – para tudo dizer, que a miséria do ensino em Portugal siga em frente mas já camuflada com a sua habilidade de “animal feroz da política”, para citarmos os mídias que o bajulam.

Como na frase famosa do livro de Lampedusa, “O Leopardo”, “é preciso que tudo mude para que tudo continue na mesma”.

Seria fácil para o ardiloso primeiro-ministro correr com a inadequada senhora que, durante o tempo que lhe fez falta, o serviu como aia veneradora e agradecida.

O que é preciso é que a política de remancho termine. E isso só se conseguirá se Sócrates largar o lugar, democrática e popularmente mandado embora pelos cidadãos.

Neste momento, o maior factor de iluminação e esclarecimento é a acção prejudicial da inadequada ministra.

Mantenhamo-la no cargo como se de uma obra-prima de cristal se tratasse!

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