AMADEO

Consegui ver (apesar das longas filas) a exposição antológica de Amadeo de Souza Cardoso na Gulbenkian. Pintura vital - atenta à infinitude do mundo que nos rodeia e à pureza das cores e das formas que dão presença e dinamizam seres e objectos, ambientes e paisagens -, preenche os olhos numa explosão primitiva de tons essenciais que atraem pelo brilho e pelo júbilo.
Virtuoso da cor e da representação do movimento, os melhores passos de Amadeo estão, contudo, no expressionismo de algumas figuras só aparentemente cubistas (aquela parte da sua obra em que a tristeza, a interioridade e a melancolia de rostos mascarados apresentam o drama da existência) e na metafísica de algumas paisagens e de alguns ambientes despovoados (que nos cruzam como quadros de De Chirico ou de um posterior Alvarez).

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