José do Carmo Francisco


A misteriosa chama da Rainha Loana

de Umberto Eco

A partir de um AVC que o protagonista da história sofre em 25-4-1991 e das complicações inerentes («Não, o senhor não se chama Ismael. Faça um esforço.») há nestas 414 páginas um regresso à infância: os livros, a escola primária, as brincadeiras, a catequese, a rádio: «Sabes que não sou saudosista mas às vezes apetece-me ouvir os hinos fascistas, para me sentir de novo como naquelas noites ao pé do rádio.» O AVC acontece em Milão, a convalescença é em Solana, na casa de campo do avô do protagonista: «Tinha uma loja na vila onde eu nasci, quase um armazém de livros velhos. Não livros antigos e com valor, apenas livros usados e muitas coisas do século XIX.» É no sótão da casa do avô que, ao longo de oito dias de paixão, entre caixas (cigarros, sabão, selos, biscoitos, comprimidos, brilhantina, aparos, cacau) surge o título deste livro em banda desenhada, A misteriosa chama da Rainha Loana, uma história um bocado parva: «Aquilo que tinha fecundado na minha memória não tinha sido a história em si mas o título. Uma expressão como a misteriosa chama tinha-me enfeitiçado para não falar no suavíssimo nome de Loana, embora na verdade fosse uma pequena galdéria caprichosa disfarçada de bailarina. Tinha vivido durante todos os anos da minha infância cultivando não uma imagem mas um som

(Edição: Círculo de Leitores, Capa: João Rocha, Tradução: Simonetta Neto)

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