REQUIEM PELA COLÓQUIO/LETRAS

A direcção poderia ter sido substituída, mas o fim anunciado da revista Colóquio / Letras, na sequência da extinção da Cóloquio / Artes, deixa-me preocupado com o caminho que vem seguindo a Fundação Calouste Gulbenkian, empurrada pelos seus directores.
Sei bem que, nalguns aspectos, a revista perdeu o carácter de proximidade de outros tempos, em prol de um povoamento demasiado académico ou demasiado enfeudado a certos grupos ou tendências, geralmente influentes e bem relacionados. Se o "cinzento" do passado não correspondia a desinteresse, o "luxo" do presente não correspondia totalmente a elevação. Mas acabar com a revista, se se confirmar, será mais um sintoma do apodrecimento das linhas de comunicação da Cultura portuguesa.
Neste momento, ficam-me duas preocupações, referentes a dois números futuros (?) desejados por muita gente. Sairão ainda as cartas de Sebastião da Gama e o volume de homenagem ao poeta Cristovam Pavia? Se a resposta for negativa, ficaremos todos a perder.

2 comentários:

Anónimo disse...

A revista, boa por uma considerável parte dos seus colaboradores e académica pelos médios que andavam nas boas graças da intelectualidade directorial bem-pensante, era má por caucionar e apresentar um modelo de intelectual enfeudado ao universitarismo psitacista e a outras instancias de poder. De poder de facto.
Assim sendo, melhor foi acabar. Não pelos colaboradores que passavam por entre as gotas da chuva, mas pelo projecto mumificador que transportava. É menos uma a confundir pistas.
R.I.P.

José Longomel

Anónimo disse...

Com o pretexto da qualidade, pelo menos no pós-David Mourão Ferreira, para já não falar no seu período de ouro, de Jacinto Prado Coelho, um senhor, a Colóquio-Letras era cada vez mais uma expressão de afastamento de tudo o que não suasse, não é gralha,o universitarismo psitacista como diz o Longomel. La revue du papa en académique.

Ennia F.