DINIS MACHADO


II Soneto para Cesário
(escrito há 40 anos)

Se te encontrasse, agora, na paisagem
nocturna dos fantasmas da cidade,
contava-te dos nossos pobres versos
no teu rasto de sombra e claridade

Contava-te do frio que há em medir
a distância entre as mãos e as estrelas,
com lágrimas de pedra nos sapatos
e um cansaço impossível de escondê-las

Contava-te – sei lá! – desta rotina
de embalarmos a morte nas paredes,
de tecermos o destino nas valetas

De uma história de luas e de esquinas
com retratos e flores da madrugada
a boiarem na água das sarjetas

(oferta e celebração a José do Carmo Francisco no dia do seu 43º aniversário)

(nº 13, 25/05/2001)

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