José do Carmo Francisco
Balada dos quatro dias
Quatro dias de ausência
São semanas de saudade
A dissipar com urgência
No meu regresso à cidade
Vejo a manhã de bruma
Cheira ao iodo do mar
São páginas de espuma
À mesa deste meu lugar
Onde escrevo uma balada
Como se fosse a canção
O papel não dá por nada
Mas há motivo e razão
Duma saudade nascida
Na distância tão litoral
Quatro dias de uma vida
Concentrados por igual
Numa palavra saudosa
Levantada numa mesa
Onde o limão na gasosa
Faz uma ácida leveza
Um eléctrico reformado
É um bar numa barreira
Onde o teu nome trocado
Está escrito na bandeira
Onde o som repentino
Duma paragem tão perto
Faz sobressalto ao destino
De quem respira deserto
Dum calor mais abafado
A ir por entre as casas
Como a música dum fado
A voar com as suas asas
Até à luz desta maré
Sete vezes repetida
E ao lume da chaminé
A cozer o pão da vida
Até à alma da gente
Que se perfila a cantar
Uma cantiga diferente
Na mesa ao pé do mar
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