A MÁQUINA DE JOSEPH WALSER

Concreto/abstracto, utilidade/inutilidade, guerra/paz, ódio/amor, mecanismo/organismo, técnica/humanidade, indivíduo/colectividade... - poderia continuar a listar as dicotomias que estruturam A Máquina de Joseph Walser, de Gonçalo M. Tavares, mas estas são as principais. Na tensão entre o Homem e a Máquina se estabelece o romance, ao ponto de não sabermos já quem é um e quem é outro. Walser colecciona peças metálicas com menos de dez centímetros, separando-as do mecanismo original (ou agravando a supressão). Só quando a máquina com que trabalha lhe suprime um dedo da mão direita parece reposto o equilíbrio - surgindo a incompletude como condição para a grandeza humana, numa sociedade em que esta se confunde com a procurada vanglória.

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