Micromundos, de Manuel Simões
Micromundos, de Manuel Simões, publicado pelas Edições Colibri, é o sexto livro de poesia deste autor, professor jubilado da Universidade de Veneza. Os textos agrupam-se em duas secções: “Sobre as Margens do Mediterrâneo” e “Os Litorais Atlânticos”. Numa linguagem tersa e densa, concentrada em torno de visões, de palavras e de valores essenciais, os poemas deste volume vivem num “lugar devassado pelo caos do tempo, da dor, do humano, da dor do tempo humano” (conforme refere Roberto Vecchi, num prefácio intitulado “Micromundos Intersticiais”).
Da primeira parte do livro (p. 23), deixo aos leitores:
SACRA CONVERSAZIONE
(Giovanni Belllini)
A luz anuncia a cor
de ouro e púrpura, a incrível
simetria das figuras.
Estão assim só imóveis
ao olhar de êxtase, breve,
da aparência; o movimento,
esse, desenha-se no secreto
diálogo, no canto intuível
e na leitura: palavra e música
de uma textura quem sabe se
de coesão traduzível
no aparente enigma da pintura.
3 comentários:
Manuel Simões é um amigo de amigos meus (cf. José do Carmo Francisco, p.ex.) e um schollar de que me chegam ecos e, por isso, me habituei a respeitar. Fico satisfeito ao sabê-lo poeta incidente e reincidente.
E, neste poema, permito-me destacar os últimos 4 versos. É que os tenho por justos e adequados - e por isso me tocaram em particular.
Ao ler os comentários que bordam os últimos posts, vejo um nome - Rui. Acaso se trata de Rui Manuel Amaral, que deixou de se exprimir blogalmente(passe o neologismo)como talvez se saiba?
Se assim é, aproveito o ensejo para lhe endossar um abraço.
Caro ns (Nicolau Saião, creio...), parece-me q o Rui q viu sou eu e não sou o RMA, sou o da "poesia distribuída na rua".
Estou certo porém de lhe dar boa notícia dizendo-lhe q o RMA não deixou de se exprimir blogalmente e q está agora neste endereço: http://last-tapes.blogspot.com/
Não fiquei a perder por ser outro Rui! Antes de me deitar dou aqui uma olhadela - e fico sabendo que se trata de uma pessoa que considero, sem ter tido ensejo até agora de lho exprimir: trata-se portanto de Rui Almeida, o Ruialme (se assim me exprimo) que já teve a gentileza de colocar poemas meus no seu blog, o que agora lhe agradeço.
Ainda há dias o Ruy e eu falámos a seu respeito, pelo facto de ter sido colega de estudos (arquivística, se não estou em erro)de um nosso conhecido: o padre João Coelho, dir. do semanário onde ele escreve e eu tb já escrevi. O mundo, às vezes por boas razões, é pequeno...
Agradeço, também, a informação que me dá sobre o RMA e que amanhã, a horas mais "adequadas", conferirei.
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