Sou um bandido!
Não se assuste, leitor, com este título plenamente assumido. Nem se admire. Se tiver paciência para continuar a ler, já compreenderá – como sucede nos romances de mistério eu vou já descriptar o caso…
Como sabe, bandidos houve (e pelos vistos há) muitos: Robin dos Bosques, que conforme a lenda e a história tirava aos ricos para dar aos pobres e era um justiceiro contra os barões e por isso ficou no coração dos britânicos; Ned Kelly, que desmascarava os argentários poderosos na sua região e é hoje o herói da Austrália; Dick Turpin, que cavalgava pelas verdes terras irlandesas; ou o Zorro, que no México desbaratava os esbirros que por ali havia.
Como se vê, eram os chamados bandidos sérios. Como se diz nas novelas, “bandidos de coração de oiro”.
Eu sou um bandido de tipo diferente. Sabe porquê? Eu conto…
Como os leitores sabem, nas democracias há umas coisinhas que têm o nome de eleições. Ou seja, aquelas coisinhas que os ditadores sempre detestaram, porque dão às populações a possibilidade de escolher livremente. Que, conforme dizia um sujeito da minha nação, um tal Salazar também conhecido pelo “Botas”, “inquietam as pessoas e servem aos que querem lançar a confusão”. E foi por isso que este honesto cidadão, durante 40 anos, não deixou que esses períodos de inquietação existissem – a não ser umas caricaturas para enganar o pessoal.
Mas desde o 25 de Abril, que uns tantos nostálgicos detestam, há eleições.
Ora estamos na minha nação praticamente nessa circunstância.
E sabe o que um dos dirigentes duma legítima, aliás, formação política disse duns candidatos de uma equipa diferente? Que eram “candidatos bandidos”.
Sem que as pessoas que ele queria atingir tivessem sido julgadas e condenadas por qualquer entidade que tem essa função.
Assim, despejadamente, como quem solta para o ar uma chuva de cuspo…
Ora acontece que sou pai dum desses candidatos. Que pertence a uma equipa que provavelmente vencerá as eleições.
Como estou integralmente do lado desse candidato, como é óbvio, sou portanto também um bandido.
Um que joga, é certo, apenas nas intenções e no crédito do filho, pessoa que sempre foi considerada, no país e no estrangeiro onde o conhecem, pessoa séria.
Mas não deixo de o ser, apesar de um bandido pequenino – eu sei lá…
Aviso então os leitores que ao lerem-me e ao escreverem-me estão a ter o “privilégio” de se dirigir a um quadrilheiro. Das letras? Talvez, mas um quadrilheiro em todo o caso…
No entanto, ouso colocar em equação esta frase: talvez se houvesse mais bandidos desta qualidade houvesse menos bandidos da outra…
Não quereis entrar para a minha quadrilha?
Nicolau Saião
Não se assuste, leitor, com este título plenamente assumido. Nem se admire. Se tiver paciência para continuar a ler, já compreenderá – como sucede nos romances de mistério eu vou já descriptar o caso…
Como sabe, bandidos houve (e pelos vistos há) muitos: Robin dos Bosques, que conforme a lenda e a história tirava aos ricos para dar aos pobres e era um justiceiro contra os barões e por isso ficou no coração dos britânicos; Ned Kelly, que desmascarava os argentários poderosos na sua região e é hoje o herói da Austrália; Dick Turpin, que cavalgava pelas verdes terras irlandesas; ou o Zorro, que no México desbaratava os esbirros que por ali havia.
Como se vê, eram os chamados bandidos sérios. Como se diz nas novelas, “bandidos de coração de oiro”.
Eu sou um bandido de tipo diferente. Sabe porquê? Eu conto…
Como os leitores sabem, nas democracias há umas coisinhas que têm o nome de eleições. Ou seja, aquelas coisinhas que os ditadores sempre detestaram, porque dão às populações a possibilidade de escolher livremente. Que, conforme dizia um sujeito da minha nação, um tal Salazar também conhecido pelo “Botas”, “inquietam as pessoas e servem aos que querem lançar a confusão”. E foi por isso que este honesto cidadão, durante 40 anos, não deixou que esses períodos de inquietação existissem – a não ser umas caricaturas para enganar o pessoal.
Mas desde o 25 de Abril, que uns tantos nostálgicos detestam, há eleições.
Ora estamos na minha nação praticamente nessa circunstância.
E sabe o que um dos dirigentes duma legítima, aliás, formação política disse duns candidatos de uma equipa diferente? Que eram “candidatos bandidos”.
Sem que as pessoas que ele queria atingir tivessem sido julgadas e condenadas por qualquer entidade que tem essa função.
Assim, despejadamente, como quem solta para o ar uma chuva de cuspo…
Ora acontece que sou pai dum desses candidatos. Que pertence a uma equipa que provavelmente vencerá as eleições.
Como estou integralmente do lado desse candidato, como é óbvio, sou portanto também um bandido.
Um que joga, é certo, apenas nas intenções e no crédito do filho, pessoa que sempre foi considerada, no país e no estrangeiro onde o conhecem, pessoa séria.
Mas não deixo de o ser, apesar de um bandido pequenino – eu sei lá…
Aviso então os leitores que ao lerem-me e ao escreverem-me estão a ter o “privilégio” de se dirigir a um quadrilheiro. Das letras? Talvez, mas um quadrilheiro em todo o caso…
No entanto, ouso colocar em equação esta frase: talvez se houvesse mais bandidos desta qualidade houvesse menos bandidos da outra…
Não quereis entrar para a minha quadrilha?
Nicolau Saião
1 comentário:
Saião, grande artigo. Este site está cada vez melhor. Não párem.
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