CARREIRAS
RUA DA FONTE NOVA, nº 8
Ao fundo da rampa (onde outrora fora uma latada) havia uma construção de madeira e folha de zinco. Na varanda, permaneceram, durante dezoito anos, duas barricas com água da Fonte Nova e, uma vez por ano, com algumas arrobas de azeitona. O tanque tinha um odor diferente de tudo quanto o rodeava – guardava um pouco de nós nas suas águas sem movimento.
De tempos a tempos, era preciso gatear a cancela com pregos sem serventia ou com arame retirado a algum fardo de palha. Delimitava um espaço que não deveríamos ultrapassar, embora (sobre o muro) fosse fácil dirigir o olhar até uma casa rasteira, onde apenas a porta comunicava luz ao interior da cozinha.
(Foram precisos alguns anos para que entendesse a disposição deste corpo – desvanecendo-se.)
Junto à salsicharia, a avenida deixava de existir. A cor desaparecera há muito. A música da varanda partia até debaixo da tangerineira. No inverno, uma parte da rua escurecia – subitamente.
Certo dia, foi preciso entregar a chave – como se o carteiro passasse a recusar os degraus que vão até ao primeiro andar. A porta de madeira, posta na horizontal, deixou de ser suficiente para nos resguardar da chuva. Em compensação, passaram a existir folhas de jornal entre o vidro e a grade – para que o sol ficasse menos intenso.
Ao fundo da rampa (onde outrora fora uma latada) havia uma construção de madeira e folha de zinco. Na varanda, permaneceram, durante dezoito anos, duas barricas com água da Fonte Nova e, uma vez por ano, com algumas arrobas de azeitona. O tanque tinha um odor diferente de tudo quanto o rodeava – guardava um pouco de nós nas suas águas sem movimento.
De tempos a tempos, era preciso gatear a cancela com pregos sem serventia ou com arame retirado a algum fardo de palha. Delimitava um espaço que não deveríamos ultrapassar, embora (sobre o muro) fosse fácil dirigir o olhar até uma casa rasteira, onde apenas a porta comunicava luz ao interior da cozinha.
(Foram precisos alguns anos para que entendesse a disposição deste corpo – desvanecendo-se.)
Junto à salsicharia, a avenida deixava de existir. A cor desaparecera há muito. A música da varanda partia até debaixo da tangerineira. No inverno, uma parte da rua escurecia – subitamente.
Certo dia, foi preciso entregar a chave – como se o carteiro passasse a recusar os degraus que vão até ao primeiro andar. A porta de madeira, posta na horizontal, deixou de ser suficiente para nos resguardar da chuva. Em compensação, passaram a existir folhas de jornal entre o vidro e a grade – para que o sol ficasse menos intenso.
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