Coimbra
Livros - Os livros vão parar às mãos de quem os merece, sem que se saiba como. Na rua Ferreira Borges, junto ao Largo da Portagem, encontro um número da Águia a preço de invejar. Folheei-o para ver se era aquele que traz o artigo do Pessoa. Nada vi. Passei-o para as mãos do Antonio Sáez Delgado. Comprou-o. À noite, ao jantar, diz-me com indisfarçável triunfalismo: "Ah grande Ruy, aquela Águia é a que traz o artigo do Pessoa!" Estóico, lá respondi: "Tu é que a mereces!" Eu fiquei-me pela segunda edição do Fel e pela primeira dos Apontamentos da Irene Lisboa, mais conformes ao meu sentir e à minha ambição...
Criptopórtico - Por momentos, pensei estar vivendo num labirinto. Teria descido aos infernos? Bustos de mármore, amputados de um corpo demasiado supérfluo, fitam os transeuntes. Uma lápide regista a morte de uma jovem de vinte anos. Dois mil anos depois, deixo-lhe a minha oração, na esperança de que os deuses compreendam (demasiado tarde?) um voto, agora impossível: que a terra lhe seja leve!
Quinta das Lágrimas - Na Quinta, em vez das lágrimas anunciadas, encontrei antes a floresta do alheamento. E, num recanto, os amores são apenas das raízes pela terra. Sem remédio.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Com este texto, desejo bom fim-de-semana a todos quantos nos têm visitado.
Ainda bem que não é "comichoso" pelo menos, o livro ficou com alguém que o Rui parece admirar. Bom, digamos que o Rui também não ficou nada mal "servido" :)
Foi com satisfação que o vi nas mãos do Antonio Sáez Delgado, um excelente ensaísta e uma das pessoas que melhor conhece o modernismo português - embora a sua magnífica tese de doutoramento continue sem tradução em Portugal, como merecia. Felizmente não foi para a mão de um desses filisteus que apenas querem os livros como valores de mercado.
Pessoa colaborava na revista. Esse tal artigo será o da crítica à primeira exposição de Almada Negreiros?
Enviar um comentário