Maria Lucília Moita e a sua pintura fazem parte da minha infância. Relembro com grata recordação as horas que eu passava a vê-la pintar na minha aldeia das Carreiras, a sua voz calma, o seu olhar analítico e maravilhado sobre o mundo que a rodeava, o seu percurso até à casa da ti' Ana Rita (onde costumava descansar). Tinha eu seis, sete anos... Quantas vezes falei com ela... Com que deslumbramento contemplei com demora uma exposição sua (a única que realizou na terra que lhe deu tantas imagens...). Se hoje a Pintura (e a Arte em geral) fazem parte da minha vida, em boa parte a ela o devo.
Soube hoje, entretanto, que a pintora da minha infância (e que ainda hoje aprecio muito) vai ter um museu em Abrantes. Foi um momento de felicidade. Espero ansiosamente pela sua abertura.
Na imagem, "Paixão de Cristo com palavras de Herberto Helder", de Maria Lucília Moita.
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4 comentários:
Na reunião ordinária da Câmara Municipal de Abrantes, o Presidente do Município deu conhecimento de que no passado sábado, dia 7 de Maio de 2005, foi assinado um protocolo entre a Câmara Municipal e Maria Lucília Moita, referente à doação da pintora à cidade de Abrantes de parte significativa da sua obra, destinada a um espaço museológico a criar pela Câmara Municipal de Abrantes.
Foi feito o lançamento do livro “Maria Lucília Moita”, que contém a retrospectiva de toda a obra pictórica da pintora.
Par a o admirador da pintora, Ruy Ventura, segue esta nota que lhe deve interessar.
E esta outra:
Museu Maria Lucília Moita nasce junto ao castelo
28/04/2003
Nascida em Alcanena em 1928, mas há 48 anos a residir em Abrantes, a pintora Maria Lucília Moita decidiu doar à cidade grande parte do seu espólio, que será entregue à Câmara Municipal de Abrantes quando o edifício que vai receber o museu com o seu nome estiver concluído.
Do espólio fazem parte 60 quadros a óleo, um vasto conjunto de desenhos e diversa documentação que enquadra a vida e a obra da reconhecida pintora ribatejana.
A edilidade pretende adaptar um edifício (onde anteriormente funcionou o centro de saúde e algumas associações locais) junto ao castelo à nova utilização, mas ainda não há data prevista para o início dos trabalhos.
A intervenção em causa surge no âmbito de uma outra de maior amplitude, que visa requalificar toda a zona envolvente do castelo, e a Câmara Municipal de Abrantes ainda aguarda verba para meter mãos à obra.
E mais uma, para acabar:
“Maria Lucília Moita” é o título do livro retrospectivo de toda a obra pictórica da pintora abrantina, organizado pelo historiador de arte Fernando António Baptista Pereira e editado pela CMA, que será apresentado no dia 7 de Maio, às 18.30h, na Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes. Na ocasião será também assinado um protocolo entre a pintora e o Município de Abrantes, relativo à cedência de parte do seu espólio.
Maria Lucília Moita nasceu em Alcanena, em 1928, mas reside em Abrantes há 48 anos, cidade que considera sua terra de adopção. O pintor João Reis foi seu professor, de 1944 a 1946. Depois da primeira exposição individual na Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1958 - marcada pela pintura do seu mestre e por obras de pintores naturalistas (Silva Porto, Pousão...) da colecção do Dr. Anastácio Gonçalves que era da sua família -, começou um percurso que foi primeiro uma reacção e depois, uma procura que só nos anos 80 se afirmou como sua "escrita" muito pessoal. O carvão e o óleo foram sempre os seus processos usados. Em 1977, com o apoio dos serviços da Fundação Calouste Gulbenkian, expôs o seu trabalho até então realizado, num espaço do Município de Abrantes. Fez exposições idênticas nalguns museus e outros espaços de cultura (Museu Machado de Castro, em Coimbra; Centro UNESCO, no Porto...). Realizou outras exposições em Lisboa (Sociedade Nacional de Belas Artes, Centro Cultural de Belém, Galeria S. Francisco, Galeria S. Bento...) e noutros pontos do país. Participou em diversos concursos, nomeadamente, nos salões da Sociedade Nacional de Belas Artes. Está representada em colecções particulares nacionais e estrangeiras e em museus portugueses (Museu do Chiado, Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Museu José Malhoa, Museu de Setúbal e outros). Galardoada com menção honrosa no salão de Primavera em 1951, da SNBA e medalhas de prata e de bronze, no Casino do Estoril em 1971 e 1972. Em 1989 foi-lhe atribuída a medalha de ouro de mérito Municipal, pela Câmara Municipal de Alcanena, e em 1996 a medalha de mérito cultural pela Câmara Municipal de Abrantes. Dos livros publicados contam-se, “Tempo circulado” - 1967, “Apertado mundo de dentro” - 1971, “A segurar o tempo” - 1974 e “Aonde me leva a memória” - 1992. Lança agora o seu mais recente livro. Com um total de 160 páginas esta obra cuja coordenação esteve ao cuidado de Fernando António Baptista Pereira, é constituída pela sua biografia e também por vários depoimentos de individualidades conhecidas sobre a sua obra, como por exemplo, Urbano Tavares Rodrigues, Miguel Serras Pereira, Alçada Baptista, entre outros. A obra inclui uma apreciação à pintura e poesia da pintora e fotografias das suas obras que demonstram o seu percurso artístico.
2/5/2005
agObrigado, amigo Saial, pelos dados que teve a gentileza de me enviar.
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