JOGOS DE LETRAS?

O poeta José do Carmo Francisco escreve há muito poemas "desportivos". Já nos anos oitenta publicou um livro intitulado Jogos Olímpicos e uma antologia comentada sobre a presença do desporto na poesia portuguesa (a única até hoje lançada em Portugal - a necessitar de urgente reedição). Depois disso, recentemente, apareceram nas livrarias dois livros seus dedicados à mesma temática, entre eles um memorável Os Guarda-Redes Morrem ao Domingo, na Padrões Culturais. Não podemos esquecer ainda a actividade jornalística e crítica que tem desenvolvido há quase vinte anos, quase sempre em torno das ligações entre a actividade desportiva e a literatura, em jornais como A Bola, Gazeta dos Desportos e Sporting.
Francisco José Viegas conhece bem José do Carmo Francisco e toda a sua obra. Basta lembrarmos que convidou o autor de Transporte Sentimental para colaborar na revista Ler, do Círculo de Leitores, e no suplemento DNA, do Diário de Notícias. Se hoje José do Carmo Francisco não escreve nesses periódicos, isso só acontece porque a sua figura estava ligada ao escritor transmontano. Saído Viegas, Carmo Francisco teve que sair também.
E, no entanto, o actual director da Casa Fernando Pessoa parece não conhecer José do Carmo Francisco e o facto de ser o maior conhecedor em Portugal das ligações entre a literatura e o desporto. Amnésia? Como se explica então que, promovendo uns debates na Coelho da Rocha sobre a Literatura e o Desporto, tenha marginalizado o poeta de Universário? Jogos de Letras? Será que, para ele, ser conhecido significa mais do que ser importante? Viegas saberá responder.

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