RUY CINATTI

um poema inédito
em Setúbal


Ganho sempre algo quando vou a Setúbal. Mesmo ferida por alguns atentados urbanísticos, a cidade mantém uma digna delicadeza na sua forma urbanística, discreta, mas com riquezas que ninguém se pode dar ao luxo de desprezar. Basta deambularmos pelas suas ruelas ou apercebermo-nos de que o seu perímetro urbano não termina na avenida Luísa Todi e se abre ao rio Sado, num jardim marginal que constitui um dos trechos mais interessantes da paisagem urbana da Península da Arrábida.
Meio escondida nas proximidades da câmara municipal, é preciso orientação para descobrirmos a livraria Universo, propriedade do escritor Raposo Nunes. Situada na rua do Concelho, número 13, merece no entanto uma visita. Não será uma catedral do livro, tão pequena é. Constitui, no entanto, sem dúvida, um local de devoção a esse veículo de luz.
Visitei a livraria na passada semana. Enquanto conversava com o proprietário sobre amigos comuns, fixei o meu olhar num poema emoldurado, exposto em canto discreto. Pedi autorização para observá-lo. Vi então, com emoção minha, que se tratava (que se trata) do manuscrito de um poema de Ruy Cinatti (1915-1986). Raposo Nunes pensa que está inédito. É muito provável. Com generosidade, deixou-me copiá-lo e fotografá-lo. Não poderia deixar de partilhá-lo convosco, devidamente transcrito.



Navegas ao acaso
sobre múltiplas ondas,
que rombam, se cruzam
sem sentido algum.

Onde páras tu
nesta confusão,
sentida, entretanto,
no teu coração?

Delas tiras rumo
contra os sem razão.
Unge-te, rumina.
Depois desce aos fundos[.]

6/8/83

Ruy Cinatti

12 comentários:

Anónimo disse...

o cinaty por aki??? ke pena.

Anónimo disse...

Foi seguramente a propósito de cromos como este que o Cinatti escreveu aquele poema, "Os do PCP". Na verdade, quem conhece um, conhece todos...

Anónimo disse...

fernando farinha não é um fadista ke kanta o fado?

Anónimo disse...

tal como os cromos, há mais Marias na terra...

Anónimo disse...

E se os meninos fossem ser engraçadinhos para outro lado? Pensei que este espaço era sério mas afinal dá para garotices, assim não vale.

Anónimo disse...

O Nordstar - já de si de sisudíssima graça - não lobrigou que a conversa era bastante séria, que a coisa é séria, e que as coisas sérias se dizem muitas vezes a brincar. É pena...

Anónimo disse...

Pois é, a conversa é bastante séria. O Fernando Farinha, seja lá quem for, fez bem em dizer umas verdades ao outrocromo, pois há gente que abomina tudo quanto não leia pela sua cartilha politico-partidária.

Anónimo disse...

Coisas sérias podem dizer-se com graça mas fernando farinha ao censurar o outrocromo atingiu por carambola outras pessoas que comungam ideais políticos sem comungarem piadas boas ou más. Se aqui houve abominação ou chame-se intolerancia partiu principalmente dele. Se essa é a seriedade deste espaço estamos conversados.Antes ser sisudo.

Ruy Ventura disse...

Qualquer comentário é livre de exprimir a opinião que quiser, desde que não constitua uma ofensa ao bom nome, uma difamação grosseira ou uma violação do bom nome individual.
Logo, confundir qualquer comentário com o espaço em que se insere é abusivo e/ou maldoso.
Tenho pena que alguns comentadores se preocupem mais com os ataques pessoais do que com a discussão de ideias.

Anónimo disse...

Confundir o espaço com comentários pode não ser maldoso nem abusivo pode ser só uma evidencia se o espaço parece comungar dos comentários que tomam todos os que pensam doutra forma pela mesma bitola de um cromo.
Se isso são ideias isso é que é pena.

Anónimo disse...

Recomendo ao Nordstar que veja os arquivos deste blogue nas últimas semanas e leia os sucessivos comentários do "outrocromo", que até poderá ser do Norte, mas então escusava de escrever como fala para defender Saramago. E depois fale comigo...

Ruy Ventura disse...

Há gente que convive mal com a liberdade de expressão. E está tudo dito!