ELEIÇÕES

O RESULTADO REAL - Cavaco ganhou as eleições. Não morreu nem morrerá ninguém por isto. Apesar de ter recebido 50,6 % dos votos validamente expressos, nem ele nem ninguém poderá ocultar outra realidade: 6 085 215 compatriotas nossos não quiseram que o antigo Primeiro-Ministro fosse Presidente da República, ou porque votaram noutro candidato, ou porque inutilizaram o seu boletim de voto, ou porque o introduziram em branco na urna, ou, ainda, porque não quiseram (ou não puderam) votar.
Aníbal Cavaco Silva deve pensar nisto: 68,9 % dos 8 830 705 eleitores portugueses rejeitaram-no, o que faz com que o seu resultado real não corresponda a 50,6 % mas à magra percentagem de 31,1 % da totalidade dos portugueses com direito a voto. No exercício do seu magistério, para que seja verdadeiramente "presidente de todos os portugueses" (como todos esperamos), terá que ter esta realidade em conta.

A INDIGNIDADE DAS TELEVISÕES - Foi vergonhosa a atitude das televisões em todo o processo eleitoral. Primeiro marginalizaram Garcia Pereira. Depois, na noite passada, cortaram a palavra a Jerónimo de Sousa, para mostrar Cavaco a sair de casa, e a Manuel Alegre, para respeitar o mau-feitio e o mau-perder de José Sócrates. Fosse Portugal um verdadeiro Estado de Direito e outro galo cantaria...

2 comentários:

Anónimo disse...

As televisões medem-se por critérios oportunistas. O que é mais grave é que um homem com inteligência acima da média, como Eduardo Pitta, e consabidamente honesto, tenha tido tão pouca penetração,ou será teimosia? É pena que tenha escrito um artigo muito mau.
Não percebe que Alegre não é um dado do mesmo género de Otelo ou Freitas do Amaral uma vez que tem postura e percurso muito diferente para melhor e as circunstancias são diferentes? E será que só despeitados votaram nele para estomagar Soares, a quem a História finalmente começa a desmascarar? É pena que o destempero o faça falhar de tal maneira.
Um poeta estimável e um crítico arguto tem obrigação de ir mais longe e entender que finalmente o soarismo, esse fenómeno de tutela videirinha, viu o seu Waterloo.

Ruy Ventura disse...

A minha posição é apenas esta: os chamados "critérios editoriais" não podem justificar tudo, pois à sua conta se vai promovendo em Portugal uma censura encapotada, ocultando tudo quanto "não interessa", não aos leitores, mas a certos poderes ilegítimos.