Tradição Oral
ROMANCE DO CANÁRIO
Certo dia fui à caça, lindo canário apanhei.
Fui levá-lo de presente à filha do nosso rei.
À filha do nosso rei, à princesa da rainha.
Mandei fazer a gaiola da mais fina madeirinha.
Depois da gaiola feita, meti-lhe o canário dentro.
Todo o dia, toda a hora era o seu contentamento.
O canário adoeceu com uma grande constipação.
Vieram trinta doutores com três lancetas na mão.
À primeira lancetada o canário inda piou,
À segunda bateu asa, à terceira lá ficou.
Mandei fazer o enterro lá pròs lados d' Alegrete.
Vieram trinta canários todos vestidos de preto.
Veio uma pombinha branca toda vestida de luto.
Veio o gato da vizinha - meteu tudinho no bucho.
Ouça lá minha vizinha o que eu lhe tenho a dizer:
Eu não ando a criar canários prò seu gato mos comer,
Eu não ando a criar canários prò seu gato mos comer!
(Versão de Carreiras, Portalegre, recolhida por RV)
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