RAINER MARIA RILKE
INICIAL
Dá sempre a tua beleza
sem cálculo e sem palavras.
Calas-te e ela diz por ti: Sou.
E vem com múltiplo sentido,
vem finalmente sobre cada um.
(in O Livro das Imagens, 1902)
* * * *
A última casa desta aldeia está
tão só como a última casa do mundo.
A estrada, que a pequena aldeia não detém,
prolonga-se lentamente pela noite fora.
A pequena aldeia é só uma passagem,
cheia de medos e pressentimentos, entre duas amplidões,
caminho ao longo das casas, em vez de pontão.
E os que deixam a aldeia jornadeiam longamente,
e muitos morrem talvez pelo caminho.
(in O Livro da Peregrinação, 1901)
PS - Com a publicação destes dois poemas de Rilke, traduzidos por Paulo Quintela, "Estrada do Alicerce" homenageia humildemente essa figura ímpar da Cultura Portuguesa, a quem tantos devem e que tão maltratada foi na sua existência terrena, nomeadamente pela instituição universitária.
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