JOSÉ DO CARMO FRANCISCO

As canadianas voadoras
de Fábio Paim

Ao fim duma maratona de 36 jogos que começou no dia 26 de Agosto de 2005, o Sporting tornou-se campeão nacional de juniores deixando o Boavista a seis pontos. Logo que terminou o jogo um espectador muito especial deste decisivo Sporting-Boavista saltou para o relvado e juntou-se ao júbilo dos companheiros. Era Fábio Paim com as suas canadianas voadoras.
Desde as Escolas, os Infantis, os Iniciados, os Juvenis e até aos Juniores, ele sabe como as defesas adversárias fazem com que as suas pernas sejam vítimas ora de tesouras e ora de tenazes. Uma vez rasgaram-lhe os calções; agora rasgaram-lhe um joelho. Daí as canadianas que voavam pelo ar ao lado das garrafas do massagista, ao lado das camisolas, ao lado dos calções. Tudo servia para festejar um campeonato nacional de juniores num ano especial em que se junta aos de iniciados e de juvenis. Impedido de jogar devido a uma lesão, Fábio Paim festejou este campeonato com as canadianas. Numa tarde de coisas insólitas, as canadianas voadoras de Fábio Paim foram o outro lado da festa. Primeiro a multidão que deixou a transbordar a estrada da Academia Sporting à nacional nº 4. Depois o ambiente electrizante que só a paciência dos guardas da GNR de Alcochete conseguiu que não transbordasse em incidente. Por fim o grupo de crianças que tomou conta do relvado nº 1 brincando com uma pequena bola enquanto os campeões na piscina em vão procuravam o treinador Luís Martins. As canadianas voadoras de Fábio Paim foram o mais insólito dos registos dessa tarde. Atiradas ao ar, elas eram um troféu. Troféu, bandeira, emblema e memória dum campeonato a atravessar dois anos civis, muitas lágrimas e muito sangue pisado.

1 comentário:

Luis Eme disse...

Fábio Paim deve estar orgulhoso por ser a personagem principal desta crónica, mesmo de canadianas...