JOSÉ DO CARMO FRANCISCO
Ser do Sporting
é uma desgraça;
não ser do Benfica
é uma desgraça maior
A propósito do meu texto «Há vinte anos foi Manuel Fernandes o excluído» Cagica Rapaz tentou argumentar contra mas «espalhou-se ao comprido». Quando escreveu «Arsénio ganhou a Bola de Prata e ninguém o chamou à selecção» estava a esquecer que Arsénio tem duas internacionalizações ambas em jogos contra a Espanha. Tentou destruir uma verdade com um argumento falso. Fica a rectificação.
Mas o sentido do meu texto vai muito para além do assunto «Quaresma 2006-Manuel Fernandes 1986». O meu texto explica e recorda como em 1966 e em 1986 as pessoas do Sporting foram prejudicadas por pessoas do Benfica tal como anos depois Pedro Barbosa foi sujeito a uma humilhação em pleno Estádio José Alvalade quando jogou apenas 40 segundos num Portugal-Eslováquia. O seleccionador era Humberto Coelho. Quando Rui Costa (Benfica) foi expulso em 2000 a nossa imprensa crucificou o árbitro francês mas quando João Pinto (Sporting) foi expulso em 2002 a imprensa já não crucificou o árbitro sul-americano mas sim o jogador. Agora Cristiano Ronaldo, formado no Sporting desde os 11 anos, foi censurado por responder aos insultos do povo benfiquista no jogo do Manchester United mas o público não foi questionado pelos insultos.
E até nas memórias nós estamos sempre a perder. Hoje (12 de Junho) Miguel Sousa Tavares em A BOLA afirma com desfaçatez, com maldade e com ignorância que «Angola nunca foi berço de jogadores que tenham passado à história». Tentou ignorar o maior de todos (Fernando Peyroteo) e alguns dos maiores: José Águas, Jacinto João, Espírito Santo, Dinis, Zé Maria e Jordão. Comentar futebol não é para quem quer; é para quem sabe.
9 comentários:
Todas estas coisas são de ponderar, mas tanto Cagica Rapaz como Carmo Francisco me parecem pessoas urbanas e não devem zangar-se um com o outro. Não têm nada em comum com o sr. Miguel Sousa Tavares, esse sim um senhor arrogante e muitas vezes agressivo no que diz. Mas é de se desculpar também pois é muito simpático para as senhoras e até para certos senhores e o erotismo é um dos componentes da cultura.
A Margarida Rebelo Pinto também vale a pena, pois é muito bonita.
José do Carmo Francisco,
Aos costumes declaro ser benfiquista. No entanto, estou em crer que tal circunstância não me impede de ser isento nestas questões do futebol.
Não tenho idade para ter visto jogar Arsénio, ou Peyroteo ou José Águas, e, por consequência, não me pronuncio - e não ajuízo - sobre o futebol dos anos 50 e 60.
Mas há alguns aspectos desta sua entrada a que gostaria de me referir.
Em primeiro lugar, não se pode comparar o caso do Rui Costa (aproveito para dizer que este se passou na qualificação para o Mundial de 1998, e não no Euro 2000) com o do João Pinto, ambos referidos pelo José do Carmo Francisco.
O João Pinto agrediu um árbitro de futebol perante muitos milhões de pessoas. Convenhamos que faz a sua diferença. Daí a "crucifixão", que nada tem a ver com o facto de, na época, o JVP ser jogador do Sporting.
Quanto aos insultos do e para o Cristiano Ronaldo, qual é o público que num estádio de futebol não insulta (acaso o público do Sporting é melhor que o do Benfica? O José do Carmo Francisco sustenta essa tese?). Mas essa não é a questão. A questão é saber se os insultos do público legitimam ou desculpam os gestos fálicos do C. Ronaldo, um profissional de topo, principescamente pago. Será que ele não poderia e deveria conter-se? Porque, quanto ao nefasto público da Luz, que propõe o José do Carmo Francisco: um jogo de suspensão? umas reguadas à saída do estádio? um corte de mesada para os mais novos? Ou a interdição do estádio por causa dos impropérios??!! Mas, a ser assim, qual o clube que não acabaria a jogar na praia?
Não soubesse eu quem o José do Carmo Francisco realmente é, e poderia ser levado a pensar que estaria a fazer a apologia da violência e da indecência por parte dos jogadores de futebol. Mas faço-lhe a justiça de assim não pensar.
Parece resultar das suas entradas mais recentes que o Sporting é sistematicamente perseguido, e prejudicado a favor do Benfica. Não digo que isso não possa ser verdade. Mas, até agora, o José do Carmo Francisco - que, como escritor, bastante admiro - ainda não me convenceu de tal coisa. E, assim sendo...
Procurando ser o mais neutro possível, acho que há um excesso de sportinguismo no texto do José do Carmo Francisco. Na minha modesta opinião, tanto o Quaresma em 2006 como o Manuel Fernandes em 1986 tinham lugar no lote de convocados (embora o Manuel Fernandes tivesse dito numa entrevista que não estava interessado, ou motivado, para jogar na Selecção...). Mas o seleccionador é que escolhe os jogadores que quer, chame-se ele Torres, Humberto, Scolari ou Afonso. Em relação a 1966, a primeira vez que ouvi falar de avançados do Sporting preteridos pelo seleccionador de então, foi pelo José do Carmo Francisco. Mesmo que seja verdade, sempre ouvi dizer que em equipa que ganha não se mexe... e aquele sexteto do Benfica era de facto uma maravilha - Jaime Graça, Coluna, José Augusto, Eusébio, Torres e Simões - do meio campo para a frente. Em relação às expulsões é que o José do Carmo abusa. Não há qualquer comparação entre a expulsão de Rui Costa e de João Vieira Pinto, como já foi dito. Aliás, ainda estou à espera que o senhor João Pinto peça desculpa aos portugueses pela sua conduta violenta na Coreia. Para acabar, é claro que o Miguel Sousa Tavares, outro exagerado com o "azul", está enganado. Angola e Moçambique sempre nos deram grandes jogadores... muitos deles internacionais (não os contei, mas devem ser perto de uma centena. Embora não seja importante para o caso, sou benfiquista...
Tenho-me mantido afastado das discussões futebolísticas propositadamente, pois para mim o futebol industrial interessa-me muito pouco. Além disso, não tenho paixões clubísticas sejam de que espécie forem nem conhecimentos suficientes para opinar com segurança sobre tais assuntos.
Há no entanto uma questão de princípio que, de há muito, deixo sempre clara nas minhas posições: não sou partidário do branqueamento de atitudes sejam praticadas por santos ou por demónios, estejam hoje em dia os seus protagonistas doentes (situação que humanamente lamento) ou sãos que nem um pêro.
Em relação à linha "editorial" (assim digamos) do "Estrada do Alicerce" há ainda um aspecto que desejo vincar: não é de maneira alguma um blogue dedicado a temas futebolísticos ou desportivos, embora não exclua das suas entradas nem o futebol nem o desporto. Boa ou má, a estrada aqui é outra... E o caminho que venho trilhando desde há um ano valoriza, sempre que necessário, a crítica, mesmo que frontal ou contundente. Rejeita, contudo, veementemente, qualquer ataque pessoal, venha de onde vier, vá para onde for. Defende-se aqui a verdade, mas combate-se com a mesma força a mentira ou a injúria.
Se me dão licença, a "estrada do alicerce" lembrou-me a "azinhaga dos alfinetes" que, segundo leituras da época, os adeptos do oriental ganhavam à "mocada" quando perdiam no campo. Amigo do JCF, admirador do ACR quando era miúdo e fazia as colecções dos cromos (Cagica, Conhé, Durand, Abalroado, Fernando, Arnaldo...), proponho que este "jogo" se resolva no prolongamento, com um jantar de reconciliação, no qual me proponho estar presente.
E escrevam sempre, que eu gosto de vos ler.
Houve aqui um lapso de identificação...
Se é só por isso, posso afiançar comedimento nos "honorários". Fica o Ruy, como mestre de cerimónias, encarregue de designar o "foro" competente e dia (que não seja útil) e hora para a realização da "diligência"...
Não é realmente má ideia. Vou iniciar a mediação.
Então, amigo Ruy, tá defícel a mediação?
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