JOSÉ CUTILEIRO

“[...] discussões de ‘choque de civilizações’, de ‘diálogo de religiões’, das ‘causas sociais’ que levem gente nova a tornar-se terrorista, pouco uso têm [...]. O combate não é entre fés, é entre ideologias; o terrorismo islâmico não quer salvar almas, quer conquistar poder. Osama Bin Laden não nos ameaça por ser um muçulmano sunita devoto, ameaça-nos por ser um ideólogo, um propagandista e um estratego que nos quer ditar regras de vida insuportáveis. Nos propósitos e nos métodos, ele e a sua gente têm mais parecenças com Lenine e o Comintern do que com os chefes de movimentos religiosos que grassaram, aqui e além, durante o século XX. O paralelo com o marxismo-leninismo é sugestivo: evocação fantasiosa de um passado dourado, versão errada mas empolgante do sentido da história, promessa falsa de paraíso futuro (sendo os proletários de todo o mundo, supostas vítimas do capitalismo, substituídos pela nação árabe, suposta vítima do Ocidente). Tal como Lenine, Osama convence muita gente; o engano causará muito sofrimento e levará muito tempo a desfazer. A Europa tem de aumentar o seu poder, saber bem o que quer e reforçar a sua aliança com os Estados Unidos.”

(in Expresso, 9/9/2006)

1 comentário:

Anónimo disse...

poderia dizer-me de onde reitrou esta noticia e qual o dia do jornal? agradecia muito. pf resaponda no blog