NICOLAU SAIÃO


Por quem os sinos dobram


Os próceres locais garantem que estão perplexos e preocupados. Afivelam expressões de bons samaritanos ante mais um encerramento anunciado, que vai lançar no desemprego mais umas centenas de portalegrenses que, durante alguns anos, tomaram como excelentes as promessas trintanárias de autarcas, deputados e outros senhores que têm como missão fazer com que o desespero e a desertificação alentejana desta região não vá demasiado longe…

O inefável Ceia da Silva, deputado e dono do à-vontade que se lhe conhece; o cada vez mais surpreendente Miranda Calha que nem valerá a pena apresentar por ser suficientemente conhecido; o presidente da Câmara em exercício – sofrem a bom sofrer, pois ninguém desconhece o amor que têm a Portalegre, o carinho que sempre puseram nas suas relações com a gente da cidade e, como corolário, o respeito que têm pelo seu próprio trabalho que, como se sabe a nível nacional e até internacional, muito tem concorrido para a felicidade das pessoas desta parte da Ibéria.

Mas, coitados deles, pese às suas pendulares declarações, quando calha ou é oportuno, de que “o Alentejo tem futuro”, as contas mais uma vez estão a sair-lhes furadas: agora é a empresa Johnson Controls, que muitos tiveram (ingenuamente? esperançosamente?) como a salvadora das cada vez mais depauperadas algibeiras lagóias que, em acúmulo com outras firmas au voil d’oiseau, vai esvoaçar para Espanha.

Portalegre, mais uma vez – seguindo o habitual perceptível numa terra onde, pelo que certos observadores afirmam, cada vez mais se marginalizam os que não alinham em jogadas – aparece na televisão e nos noticiários pelos piores motivos: o do desemprego, o da deflacção civil.

Não perguntemos, como nos referia Hemingway numa frase célebre, por quem dobram os sinos. Não é preciso. Pois qualquer observador atento e sério e que não embarque em propagandas absolutamente fantasistas, como ali frutificam com terrível frequência – percebe e já entendeu que dadas as circunstancias locais e regionais existentes eles dobram, lamentavelmente e com um tom lutuoso, verdadeiramente por todos nós.

2 comentários:

Anónimo disse...

Esta cidade, com certa gente não vai longe.
Pois é, o deputado Ceia da Silva, especialista em conversa fiada do PS, quando lhe chega a vontade de fazer demagogia, só sabe dizer "o Alentejo tem futuro", belo futuro, com fábricas a fechar, comércio a falir, cada vez mais droga, e tachos para a maralha do topo, políticos dos partidos e pevides para a população.
Os do Psd andaram a "alindar" Portalegre para deitar poeira nos olhos da população, mas tudo está cada vez mais pobrinho sejam empregos seja a vida do dia a dia, um ambiente de falta de respeito pelas pessoas, há tempos até houve polícias arguidos por denuncia do comandante e onde param as modas? já abafaram tudo pergunta o povo.
Aqui quem se safa são os vígaros e os tachistas, denuncie-se esta situação, a cidade de Portalegre merecia melhor.

Luis Eme disse...

Ainda não consegui perceber, como é que os espanhóis conseguem "deslocalizar" as nossas empresas, se pagam ordenados muito superiores aos praticados no nosso país...
Além de de querer transformar o palacete que foi de Almeida Garrett, num condomínio fechado; de gostar de viajar nas nossas autoestradas a velocidades dignas de autódromos; não vejo outros motivos que façam do ministro de economia notícia.
As promessas? Não passam disso...
Até quando vamos ser enganados por gente desta qualidade?