AVALIAÇÃO E IMOBILISMO
Não me oponho a um maior rigor na avaliação dos professores de todos os níveis de ensino, desde que este corresponda a um olhar justo sobre os docentes. Exames nacionais no ingresso e um maior peso do currículo e do mérito na progressão são mesmo necessários.
Não posso aceitar, no entanto, um sistema que penalize os profissionais do ensino por usufruirem de um direito legal (a falta justificada), sobretudo quando os gerentes do Ministério da Educação não parecem estar interessados na criação de mecanismos legislativos que permitam a troca de aulas e a reposição das mesmas em qualquer momento do ano lectivo.
Aceito ainda menos que, nos Ensinos Básico e Secundário, se institua uma promoção idêntica à do Ensino Superior, que tantos malefícios tem causado na qualidade do mesmo, como recentemente provou um estudo internacional independente. O sistema piramidal - escolhido pela tutela de Maria de Lurdes Rodrigues porque levará a grandes poupanças financeiras - causará nas escolas apenas um grande imobilismo e, consequentemente, uma crescente falta de empenho entre os docentes, impedidos de progredirem porque os lugares cimeiros estão ocupados por colegas mais velhos (o que não significa "mais competentes").
3 comentários:
Há no seu artigo dois aspectos, o da avaliação e as faltas que num país de gente honesta, nunca deveriam ser misturados tão pouco equacionar interligá-los. Quero eu dizer que a competência de qualquer profissional se avalia pelo seu trabalho e não pelas faltas a ele, porque a acontecer tal, não é o profissional que deixou de ser competente, é porque está doente ou está a levar a cabo qualquer tarefa para a qual tem justificação legal, a não ser assim, ou não está doente ou então não está a desempenhar a tarefa para a qual lhe permitem faltar, e se assim for, deve ser punido por lei e essa humilhação seria o reconhecimento da sua incompetência, mas de carácter, e quanto a isso...
A situação inversa também poderia acontecer, um professor arrastar-se para a escola, apesar de doente, resultando o seu trabalho em fracasso ou deixar de frequentar acções que lhe permitissem ser melhor professor.
Portanto a questão das faltas é uma, a da avaliação é outra, não caiamos na tentação de as misturar porque isso é tácitamente, aceitar poder ser desonesto, e nós não somos e desprezamos quem é. A ministra apresenta, os sindicatos contestam mas, porque não, e tal. E assim vamos vivendo.
Anónima professora
A questão das faltas põe-se, para mim, num domínio meramente legal. Ou são legais, ou não são. Se são legalemente justificadas, então o professor não pode ser prejudicado por isso, dado que está apenas a usufruir um direito seu. Se não é legalmente justificada, então deve ser penalizado, conforme a lei já prevê.
Tudo isto é no entanto uma maneira de enredar a avaliação dos docentes em malhas que, na prática, os impeçam de progredir na carreira. Deixemo-nos de dúvidas, o Estado resolveu poupar dinheiro à nossa custa.
Sem dúvida. Ainda que o processo da avaliação dos professores que nos apresentam tivesse alguma credibilidade, perdia-a quando o reconhecimento do mérito do professor está sujeito a vagas. Este facto determinante, revela o que está subjacente a todo este circo, o dinheiro e não a qualidade dos docentes.
Quanto à questão das faltas, não se deveria permitir sequer, equacioná-las quando da avaliação da competência profissional se trata. É uma questão de principio e pasma-me como é que gente com responsabilidades como a ministra e os sindicatos se permitem a tal
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