JOSÉ DO CARMO FRANCISCO
O pão de São Roque
O meu fim-de-semana foi muito especial.
Na sexta-feira à noite ouvi desabafos de uma empregada de consultório a propósito da maldade das pessoas. Desde as velhas que, tendo consulta às 7 da tarde aparecem às 4 e meia, até ao caso mais grave de um grupo que se insurgiu contra o facto de a médica de cardiologia ter parado tudo quando soube que uma senhora na consulta de oftalmologia estava a começar a fazer um enfarte. As outras começaram a protestar porque não havia direito de uma pessoa passar à frente da sua vez.
No sábado à noite fui ao jantar de aniversário de um grande amigo da vida militar. Pois eu, entre a estação de comboios de Santa Apolónia e o rio Tejo, tive dificuldades em acertar com o restaurante que tem a fama e o proveito de ser um dos melhores do País e da Europa. Dois maloios, dois vacões, dois bardinos que estavam a receber víveres num restaurante mesmo ao lado disseram-me que não sabiam onde era esse tal restaurante famoso em todo o País e em toda a Europa. Fiquei revoltado sobretudo porque além de demonstrarem falta de categoria como empregados de um pequeno e vulgar restaurante não perceberam que eu, quando ando à procura de um restaurante excepcional, não vou desistir de o encontrar só porque dois bardinos, dois vacões e dois maloios fingem que não sabem.
No domingo recebi o pão de São Roque na missa da manhã na Igreja de São Roque. Percebi melhor a dimensão do santo que era sobrinho do presidente da Câmara de Montpellier e partiu da sua cidade para ajudar os pobres dando-lhes pão. Os pobres de espírito do consultório e do pequeno restaurante entre Santa Apolónia e o Tejo, esses já não há São Roque que lhes possa valer.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário