GREVE
Nunca, como agora, senti tanta vontade de mudar de profissão. Se algum dia conseguir dar o salto, sentirei falta apenas dos alunos (mesmo dos mais difíceis), pois com eles tenho passado as melhores horas destes doze anos de docência.
Cada vez mais me custa aguentar os ataques de que os professores são alvo todos os dias e as mentiras que, sobre nós e sobre a nossa carreira, circulam um pouco por todo o lado. Consagrada na legislação - como desejam a ministra, os secretários de estado, o primeiro-ministro e mais alguns cidadãos mergulhados em espírito de inconfessável vingança contra um grupo profissional inteiro -, a humilhação lançada sobre os docentes é um dos principais sintomas da sociedade doente em que habitamos (como escreveu um dia Agostinho da Silva), a qual combate todos os dias aqueles (professores, artistas, escritores, pensadores livres...) que ainda conseguem estimular a liberdade entre os seres humanos e/ou denunciam os lobos vestidos de cordeiros que apenas querem destruí-la.
Por isto e por muito mais, faço greve amanhã. Não sou grande adepto desta forma de luta, mas tem mesmo que ser, mesmo que me saia do bolso! Mais do que nunca, demitir-me neste momento seria compactuar com quem nos deseja humilhar, porque só assim consegue governar em verdadeiro absolutismo.
20 comentários:
Concordo em tudo com o que foi escrito. Infelismente não posso fazer greve porque me encontro desempregada, mas apoio a causa na esperança de um dia voltar a uma sala de aula.
Apoio em completo este seu justo artigo. Também vou fazer greve e digo a toda a gente os porquês.
E também já penso em mudar de profissão, é só ter hipótese, sou solteiro e vou mandar aquela gente passear, uma ministra sem perfil, mesmo bimba mas é a expressão do governo e do sr. Sócrates. Votei nele confesso, mas só porque os outros, que beleza de chá...E assim vamos indo.
olá ruy... há muito que te procurava (sem ser nos livros) e finalmente te achei. conheci-te no distante ano do prémio revelação APE e fui um dos contemplados (daniel s.g.)... gostava de saber como correu tudo entretanto e como vai essa poesia.
um abraço e saudações poéticas, daniel gonçalves
malbusca@gmail.com
Abriu a caça ao professor...Os bloguistas de sempre soaristas e derivados socráticos acumulam razões para nos fazerem a folha. É patético mas verdadeiro. Somos uma cambada de malandros é o que é. Se isto é a blogsfera portuguesa eu quero ser espanhol!
Concordo plenamente com o texto. Também eu fiz greve (e voltarei a fazê-lo), pois tenho-me sentido bastante indignada pela constante humilhação a que temos estado sujeitos e pelas mentiras que o Ministério tem dito e pelas verdades que tem escondido em relação ao novo estatuto.
Não posso concordar com um estatuto que, entre outras coisas, nos vai roubar tempo de serviço para efeitos de progressão e penalizar duplamente na avaliação: por um lado temos as cotas para chegar ao topo da carreira; por outro lado, a perda de direitos fundamentais, tais como, o ficar em casa quando se está doente, gozar a licença de maternidade ou paternidade, ir a consultas médicas, ...pois se o fizermos seremos penalizados na avaliação.
Estes são apenas alguns exemplos, haveria muito mais a dizer.
Não percebi o comentário de cunha ribeiro. Será professor ou não? Pelos vistos não, se se considera malandro ou então pertence à minoria dos que não trabalham e que têm servido de pretexto para alguns comentários da sra. ministra . A maioria dos professores que conheço é competente e trabalha muito; e não é apenas durante o tempo que permanece na escola, muito do trabalho é feito em casa e aos fins-de-semana.
maria duarte diz que não percebe o meu comentário. quer dizer, não tem senso de humor pois não entende uma ironia, o que me faz pensar que também não deve perceber outras coisas. e diz-se professora, perguntando-se se eu o serei e concluindo pela negativa.
A conclusão que tiro é que há pessoas a quem não deviam ser abertas as portas do professorado, pois esta senhora mostra uma incapacidade de entender verdadeiramente fenomenal. A única desculpa que lhe vejo é dever encontrar-se muito nervosa pelas atitudes do governo. A não ser assim, seria um caso de pura cegueira mental ou, então, uma total ausencia de sentido do humor, tão necessária em quem exerce o professorado.
Eu que o diga, pois ando nisto há 16 anos.
Quanto à primeira parte do comentário de cunha ribeiro, ainda se pode prestar a esquívocos derivados da ironia. Quanto à última frase, só pode ser ofensiva dado que, referindo-se a um texto que defende os professores e criticando a blogosfera portuguesa por isso, está implicitamente a criticar os professores.
O senhor cunha é que deveria pensar melhor antes de escrever.
Este anonymous ou não sabe ler ou está de má-fé.
Já referi, reforçando, a minha intenção.Ponto parágrafo.
E no que se refere à última parte qualquer observador atento à blogsfera percebe que é um apoio a este blog, uma vez que os outros em geral e os socratistas e soaristas em especial se têm multiplicado em ataques aos professores.
Este anonymous ou é retorcido ou então o caso é outro.
O problema é dele.
Já basta de equívocos. Se o senhor cunha apoia este blogue, ficamos todos contentes (embora isso não fosse claro no seu comentário inicial); além disso na blogosfera portuguesa existe muito material interessante.
Quanto aos professores, também estamos esclarecidos.
De facto, cunha ribeiro, o seu comentário inicial, sendo dúbio, presta-se a várias interpretações. O facto de ter feito uma de entre as várias possíveis interpretações não significa que seja menos apta ou menos competente para ser professora. Muito menos significa que tenha falta de humor. Além disso, não me parece que a competência dos professores se meça exclusivamente pelo seu sentido de humor ou capacidades interpretativas; há muitos outros factores.
Quanto à minha competência, ela tem sido avaliada por quem de direito e o meu currículo fala por si. Também eu sou professora há mais de 16 anos, nos quais tenho dado formação a alunos do ensino básico e secundário, formação inicial e contínua de professores e ainda feito supervisão pedagógica.
Também o senhor não deve saber ler muito bem, pois parece não ter percebido o meu comentário. Ao contrário de si, não fiz afirmações gratuitas sobre a sua pessoa. Limitei-me a levantar várias hipóteses. Se a carapuça lhe serviu...
Ah grande Maria Duarte!
Pobre Cunha, quis brincar e levou para assar...
A ironia é uma arma perigosa, especialmente quando se mete a gente demasiado nervosa, e com razões para isso, pois a alteração do estatuto não é para brincadeiras.
Também sou professor, fiz greve... e felizmente ainda não perdi o senso de humor, Maria Duarte.
Fico estupefacto com estes comentários, acho delicioso duas barricadas de professores "à solha" por uma pequena questão de interpretação discursiva.
Se isto é assim num blogue o que fará na vida real.
Começo a acreditar que a ministra tem razões para passar esta malta a canelão.
Lamentável.
Ouça meu amigo o que se passa não é a discussão entre dois professores, mas entre duas PESSOAS, que tem direito a discordar. Quanto à sua frase final, só denuncia um nervosismo interessante, derivado de um facto: os detractores dos professores têm engordado à custa da divisão dos mesmos, mas agora cairam com os burros na água, pois os professores estão unidos.
Acho piada a estes moralistas de pacotilha que aparecem na blogosfera, como o senhor Daniel.
A opinião neste espaço é livre, às vezes exagera-se, mas não é preciso é tirar conclusões precipitadas por causa de existirem pessoas que pensam de maneira diferente e colocar logo em causa toda uma classe. Este senhor apresenta os mesmos tiques ditatoriais dos nossos governantes, que começam a exagerar, mas é o preço que temos de pagar pelas maiorias políticas, pois eles acham-se no direito de fazerem tudo.
Infelizmente há terroristas por todo o lado, inclusivé na blogosfera, onde podem estender-se ao comprido de forma impune. Temos que conviver com eles e combatê-los o melhor que podemos.
Não costumo deixar comentários, mas desta vez vou fazê-lo, apenas por um motivo óbvio. Este blogue tem quase sempre textos de grande qualidade, textos esses que raramente são comentados. Os comentários só aparecem em grande número quando existe qualquer "disputa", muitas vezes pacifica, e em que aparecem aqueles fulanos (e fulanas), que gostam de meter "lenha na fogueira" e até querem colocar nas palavras dos outros, coisas que eles não dizem. Diz-se que é o preço da liberdade, mas eu acho que é o preço da libertinagem.
Tem razão o sales grade, mas mesmo a libertinagem é preferível do que haver blogues sustentados por gente que se apresenta como partidária da liberdade e da tolerancia mas que depois, com o pretexto de salvaguardar não sei que moral conveniente, dos próprios, instaura a censura nos comentários com o maior despudor.
Esse tipo de gente, apanhando a possibilidade de fazer o mesmo que os censores de antigamente, não percebe ou finge que não percebe que a democracia e a abertura têm custos, mas isso é preferível a tudo o resto.
No fim a verdade vence sempre.
Censura não!
Vamos lá ver se sou suficientemente explícito para não me interpretarem mal:
- concordo tanto com o sales grade como com o grade sales.
Dito isto saliento que tanto quanto tenho notado este Blog não é nem soarista nem socratista. Os que eu dizia, esses sim, serem em geral muito hostis aos professores.
Qual o equívoco que havia? Não me parece ter havido nenhum.
A meu ver o que houve foi a vontade de confundir as coisas, "lançando lenha na fogueira".
Não enfiei nenhuma carapuça,quiseram foi enfiar-ma.
Penso que tentaram servir-se do meu comentário para atitudes menos legítimas e isso não é nada defensável.
Felizmente também eu ainda não perdi o sentido de humor, Serafim Amado, nem ando demasiado nervosa, pois avaliações e estatutos nunca me meteram medo. Indignação não é sinónimo de nervosismo; não confundam as coisas.
Lamento que os meus comentários tenham alimentado polémicas, não foi essa a intenção. Não tenho nem tempo nem paciência para entrar nelas.
Cada um tem direito a expressar a sua opinião e, tal como diz, pedro do priorado, infelizmente para muita gente os professores estão mais unidos do que nunca.
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