(ilustração de Aldo Alcota - Chile)
SAUDADES
“A saudade é a homenagem que a alma do presente presta à alma do passado”
Edmund Burke
A saudade, segundo os peritos e os manuais académicos da especialidade, é um sentimento genuinamente português, embora também exista - é claro - na alma de qualquer cidadão estrangeiro.
Presente nos versos de Bernardim, de Camões, de Garrett, de Teixeira de Pascoaes, também se patenteia em trechos de Camilo, de Eça, de Rodrigues Miguéis, de Vergílio Ferreira, de Branquinho da Fonseca e em tantos mais prosadores, sem esquecer dramaturgos ou cineastas os mais diversos.
A saudade...É um sentimento terno, profundo, onde se mescla a melancolia e o enlevo pelos tempos idos – uma espécie de mistura de nostalgia com deslumbramento e recordação.
Foi isso que senti, dias atrás, ao atender um par de telefonemas, um deles já bem dentro da noite bendita e dois mails a descompor-me. Os quais, apesar de anónimos e naturalmente intempestivos, tiveram o condão de me despertar o doce sentimento da saudade de tempos passados quando, nos meados de noventa e com esta característica interventiva que Deus me deu, exercia a crítica frontal a gentes desvairadas numa das rádios locais e num semanário do Alentejo, provocando idênticas manifestações...salafrárias.
Confesso que fiquei comovido e algo nostálgico. A saudade que eu já tinha de receber, em frases sugestivas na sua coloração específica, estas comunicações estimulantes! Alegremente, entendo-as como a comprovação de que os textos que dou a lume por aqui e por ali estão a calar fundo na (in)consciência de certa gente mais ou menos letrada (uma vez que sabe ler o que se escreve...).
No fundo, o desvelo desta “rapaziada” pode constituir boa bitola para qualquer cronista aquilatar da repercussão dos escritos em que, como se diz em português de lei, faz questão de “chamar os bois pelo nome”.
Bem hajam, rapaziada, pois assim fica-se sabendo que o que dizemos e escrevemos não tomba em orelhas moucas!
E assim sendo, digo com enlevo a esses meus anónimos “admiradores”: não pensem que perdem o vosso tempo. Pelo contrário! A vossa comunicaçãozinha, apesar de algo sórdida e quiçá um pouco abjecta, não cai em saco rôto: de facto, tem o valor de positivamente me dizer que devo continuar a despertar-vos “ternura” e atenção mediante as minhas pobres laudas. Que procurarei aperfeiçoar.
A saudade que eu já tinha destes carinhos!
2 comentários:
Os gajos do Cavaco já começaram a chatear o Nic? Ó pá, avança em estilo Bairro do Atalaião. Lembras-te ó Nic dos tempos do Centro de trabalhadores? Quem te escreve é o Manteigas, abraço para a bizarria.
Olá, Xana. Este amigo pertenceu à turma do Centro Trab. do Atalaião e fizémos lá coisas interessantes, como dar(metaforicamente)na cabeça dos reaças, criar uma biblioteca e apresentar cinema de qualidade ao pessoal.
Deixa-os pousar, parceiro! O velho abraço.
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