RAINER MARIA RILKE


Ó vós, os ternos, de vez em quando ide,
entrai no hausto que a vós é indiferente,
nas vossas faces logo se divide
e treme atrás de vós, unido novamente.

Vós bem-aventurados, vós eleitos,
que em vós começam os corações se diz.
Arcos das flechas e seus alvos perfeitos,
mais para sempre em lágrimas sorris.

E não temais sofrer. O fardo, sem receio,
à terra e ao seu peso devolvei-o;
pesados são os montes, pesados são os mares...

E mesmo as árvores na infância plantadas
já não podeis com elas, de há muito são pesadas.
Mas os espaços... mas os ares...

(4º poema de Os Sonetos a Orfeu - tradução de Vasco Graça Moura)

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